Air travel in patients suffering from pulmonary hypertension—A prospective, multicentre study

Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Profissionais de Saúde

Publicado em 16 set 2024

Air travel in patients suffering from pulmonary hypertension—A prospective, multicentre study


Título do Estudo


Air travel in patients suffering from pulmonary hypertension—A prospective, multicentre study

 

Fonte


Yogeswaran A, Grimminger J, Tello K, Becker L, Seeger W, Grimminger F, Sommer N, Ghofrani HA, Lange TJ, Stadler S, Olsson K, Kamp JC, Rosenkranz S, Gerhardt F, Milger K, Barnikel M, Ulrich S, Saxer S, Grünig E, Harutynova S, Opitz C, Klose H, Wilkens H, Halank M, Heberling M, Gall H, Richter MJ. – Pulm Circ. 2024 Aug 5;14(3):e12397. doi: 10.1002/pul2.12397. PMID: 39105131; PMCID: PMC11298895.

 

Introdução


Quem lida com pacientes portadores de Hipertensão Pulmonar bem como de outras doenças pulmonares crônicas conhece a importância de se preservar a qualidade de vida e o bem-estar psicológico e social.  Questionamentos acerca da segurança de se poder viajar de avião não são incomuns, de modo que casos selecionados mereçam a atenção do médico responsável pelo paciente de modo que se coloque na balança aspectos de segurança e de bem-estar nessa tomada de decisão.

 

Objetivo


O objetivo principal do estudo multicêntrico PEGASUS de fase 3 foi avaliar a segurança de viagens aéreas para pacientes com Hipertensão Pulmonar acompanhados por centros de referência na Alemanha e Suíça.

 

Métodos


Pacientes com Hipertensão Pulmonar (HP) acima de 18 anos,oriundos de 90 centros da Alemanha e Suiça, foram elegíveis para este estudo cujo recrutamento ocorreu entre 2017 e 2019. Eles não eram encorajados a viajar mas planejavam essa possibilidade com as equipes médicas que os acompanhavam independente da ocorrência do estudo. O contato com os pacientes era feito no começo do estudo, imediatamente antes e depois do vôo, bem como após 1 e 2 anos, mediante preenchimento de um questionário o qual constava os seguintes dados: data e duração do vôo, uso de oxigênio suplementar (e se necessário, qual vazão), sintomas durante e após o vôo, tempo de instalação dos sintomas, frequência cardíaca e saturação de oxigênio. Outros dados clínicos de entrada também foram avaliados como classe funcional, teste de caminhada de 6 minutos e hemodinâmica pulmonar.

 

Resultados


Um total de 239 pacientes foram incluídos no estudo, dos quais 60 efetivamente viajaram e tiveram  seus dados analisados. 75% eram do gênero feminino e apresentavam medianas de idade, pressão arterial pulmonar média e resistência vascular pulmonar de, respectivamente: 57 anos, 33.5 mmHg e 347 dina.s/cm5(aproximadamente 4.4 unidades Wood).  O registro da estratificação de risco era feito se disponíveis pelo menos 2 de 3 variáveis habitualmente utilizadas: classe funcional, teste de caminhada de 6 minutos e níveis de BNP / NT-proBNP. Chama atenção o fato de não terem sido incluídos pacientes definidos como sendo de alto risco, bem como o fato de 35% dos pacientes não terem disponíveis dados que permitissem essa estratificação. Quanto aos dados de vôo, a mediana de tempo de vôo foi de 3 horas e a mediana de saturação de oxigênio durante o vôo de 95%; 14 pacientes necessitaram de oxigênio suplementar (média de 2 L/min). Não houve relato de intercorrências graves, salvo relato por parte de 4 pacientes de desconforto torácico opressivo e vertigem, além de um paciente que descreveu sensação de taquicardia que exigiu atendimento médico (não há informação se foi identificada alguma taquiarritmia). E ainda, pacientes que tiveram queda da saturação de oxigênio para valores menores que 85% tiveram mais sintomas durante o vôo.

Por outro lado, quanto ao grupo de pacientes que não viajou 58% não estavam com esse planejamento, porém, daqueles que reportaram uma causa clara de não voarem de avião, 17% relataram ansiedade e 13% informaram que a recomendação médica foi contra a viagem aérea.

 

Limitações e Mensagens do Artigo


1) O estudo não incluiu apenas pacientes com HAP, mas também portadores de HP do grupo 4 (por doença tromboembólica) e inclusive do grupo 2 o que não costuma ser habitualmente acompanhado em Centros de Referência para HP, mas para Insuficiência Cardíaca.

2) Os próprios pacientes foram os responsáveis pela mensuração da saturação de oxigênio, o que pode ter influenciado também na percepção da relevância dos sintomas descritos

3) Não se sabe se diferentes fluxos de oxigênio podem permitir um maior ou menor grau de controle dos sintomas durante o vôo que atenuem as repercussões da hipóxia hipobárica sobre a circulação pulmonar e ventrículo direito.

4) O pequeno tamanho amostral não permite conclusões mais sólidas quanto a melhor evidência acerca da recomendação ou não de viajar

 

Conclusão


Viagens aéreas podem ser seguras para pacientes com Hipertensão Pulmonar que se encontram em classe funcional II e III, bem como a oferta de oxigênio suplementar ajudou a atenuar a percepção de sintomas relatados pelos pacientes.

 

Considerações


As diferentes formas de Hipertensão Pulmonarenvolvem complexas tomadas de decisão quanto a sua abordagem diagnóstica e planejamento terapêutico, com grande impacto na qualidade de vida do paciente bem como de sua família. Estratégias que permitam uma melhora dessa qualidade de vida – como por exemplo, a perspectiva de viagens aéreas para fins de bem estar pessoal – tornam-se importantes, principalmente em países onde a dificuldade de acesso a terapias específicas para HAP favorecem o desenvolvimento de sintomas de ansiedade e depressão, prejudicando a saúde mental de pacientes e seus núcleos familiares.

 

Marcelo Luiz da Silva Bandeira, Professor de Clínica Médica da UERJ – Cardiologista do ambulatório de Hipertensão Pulmonar da PPC – Cardiologista do Hospital ProCardíaco

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