Publicado em 19 dez 2022
Covid: Anvisa aprova novo uso de remédio para formas graves da doença
O GLOBO – Indicação do corticoide dexametasona segue a última atualização da Organização Mundial da Saúde sobre o uso de medicamentos no tratamento.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova opção de medicamento para o tratamento de formas graves de Covid-19. O aval, publicado nesta sexta-feira no Diário Oficial da União, é referente à dexametasona na forma injetável, corticoide comercializado no Brasil com o nome de Decadron. O pedido foi submetido à agência pela farmacêutica brasileira Aché, responsável pelo remédio no país.
O sinal verde é para que o medicamento seja indicado apenas para os pacientes com formas graves ou críticas da infecção pelo novo coronavírus. Enquanto a forma grave é caracterizada pela saturação de oxigênio inferior a 90% e sinais de pneumonia e desconforto respiratório, o estágio crítico é quando o paciente piora e chega a precisar de aparelhos de manutenção de vida, como ventilação mecânica, ou apresenta quadros de sepse ou choque séptico.
O remédio deve ser usado apenas mediante orientação médica. A Anvisa alerta ainda que a dexametasona para quadros graves, assim como outros medicamentos que receberam o aval para a Covid-19, não substituem as vacinas, que são eficazes em prevenir o agravamento da doença em primeiro lugar.
A decisão da agência favorável à nova indicação do Decadron segue as últimas recomendações da Organização Mundial Saúde (OMS) sobre os remédios que podem ser utilizados para a doença, atualizadas em setembro. Também acompanha manifestações semelhantes de outras autoridades reguladoras, como a Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
Na última atualização, a OMS inclui com “forte recomendação” o uso de corticoides para pacientes com forma grave ou crítica da Covid-19. A preferência é pelo dexametasona por via oral ou intravenosa, na dosagem de 6 mg diários, durante o período de 7 a 10 dias. No entanto, a organização destaca que outras alternativas aceitáveis são a hidrocortisona, a metilprednisolona e a prednisona.
Para fazer a orientação, a OMS analisou uma série de estudos com os remédios. Em relação à mortalidade, sete trabalhos, que totalizaram 1.703 participantes, mostraram uma redução de 160 óbitos a cada mil pessoas para 126 entre os que receberam os corticoides. Outros dois estudos, com 5.481 participantes, observaram uma queda na necessidade de ventilação mecânica, de 116 pacientes a cada mil pessoas para 86.
Outras atualizações da OMS
Na nova orientação, a OMS aconselha ainda o uso combinado dos corticoides com dois outros tipos de medicamentos que já eram orientados para formas graves ou críticas da Covid-19. Um deles são os bloqueadores da interleucina 6 tocilizumabe e sarilumab, anticorpos monoclonais geralmente utilizados para tratar casos de artrite reumatoide.
Em setembro, o tocilizumabe chegou a ser incorporado para o tratamento do novo coronavírus no Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Ministério da Saúde, com um prazo de 180 dias para que a tecnologia seja oferecida. No Brasil, ele é vendido com o nome comercial de Actemra pelo laboratório Roche.
O outro medicamento é o baricitinibe, também utilizado originalmente para artrite reumatoide. Ele é chamado de inibidor da janus quinase, uma enzima que entre outras funções atua na inflamação do corpo.
Comercializado no Brasil com o nome de Olumiant pela farmacêutica Eli Lilly, ele também foi incorporado ao SUS para tratamento da Covid-19, tendo sido o primeiro remédio a ser incluído na rede pública para a doença, em abril deste ano. A OMS orienta a combinação da dexametasona com o tocilizumabe e o baracitinibe.
Remédio para casos leves
Neste ano, em maio, o ministério incluiu ainda outro medicamento no sistema público de saúde, o primeiro a ter uma “forte recomendação” pela OMS para casos leves da Covid-19. Trata-se do antiviral desenvolvido pela Pfizer especificamente para o novo coronavírus, o Paxlovid.
Ele é destinado nos primeiros dias de sintomas a pessoas com maior risco de evolução grave da doença, caso dos imunossuprimidos ou idosos a partir de 65 anos.
O tratamento é uma combinação de dois medicamentos, o nirmatrelvir, que impede a replicação do vírus no organismo, e o ritonavir, que diminui a metabolização do remédio no fígado para que ele tenha uma atuação mais longa no corpo.
Nos estudos clínicos, entre não vacinados dos grupos de risco, o medicamento chegou a ter uma eficácia superior a 80% na redução da internação por Covid-19. Um trabalho recente publicado na revista científica na revista científica Annals of Internal Medicine mostrou que mesmo entre imunizados o remédio continua a apresentar benefícios, com uma diminuição de 44% nas hospitalizações.
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