Publicado em 31 jan 2025
Facilitators and barriers to implementing chest radiography in tuberculosis systematic screening of clinically high-risk groups in Ethiopia: A qualitative study
Título do Estudo
Facilitators and barriers to implementing chest radiography in tuberculosis systematic screening of clinically high-risk groups in Ethiopia: A qualitative study
Fonte
https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/20503121241233232 – Impact Factor: 2.3/5-Year Impact Factor:2.7 – Open access – Research article – First published online February 19, 2024.
Introdução
A Etiópia adotou a triagem de TB com radiografia de tórax entre indivíduos assintomáticos de alto risco, incluindo pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana/síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV/AIDS), fumantes, insuficiência renal em estágio terminal, usuários de drogas ou álcool, diabetes, prisioneiros e contatos próximos com pacientes de TB.
Apesar da radiografia de tórax ter sido aprovada e implantada pelo Ministério da Saúde da Etiópia como método de rastreio para grupos clinicamente de alto risco, esta ferramenta ainda não foi adotada em unidades de saúde. Ainda não foram realizados estudos na Etiópia entender juntos aos médicos sobre os aspectos facilitadores e as barreiras à sua implementação e as melhores formas de enfrentar os desafios identificados.
Objetivos
Explorar facilitadores e as barreiras à implementação da radiografia de tórax no rastreio sistemático da TB em grupos clinicamente de alto risco em Addis Ababa, Etiópia.
Métodos
Trata-se de um estudo qualitativo utilizando uma abordagem de análise de conteúdo. Foram selecionados 10 participantes de três hospitais governamentais de nível terciário. Destes, 9 eram clínicos dos 3 hospitais, e o restante o coordenador de tuberculose e hanseníase do Ministério da Saúde. Foram realizadas entrevistas presenciais com participantes selecionados. Todos eram profissionais com ampla experiência em serviços de saúde. A partir das entrevistas foi construído um quadro consolidado das informações para compreender os fatores comuns que afetam a implementação da intervenção em um determinado contexto, compreendendo cinco domínios: inovação, exterior, interior, individual e de processo de implementação. Um relatório final foi gerado com auxílio do Open Code Software 4.2.
Resultados
A partir das entrevistas emergiram fatores importantes que influenciaram positiva ou negativamente a implementação da radiografia de tórax na triagem sistemática da TB entre os grupos clinicamente de alto risco.
Os principais facilitadores incluem vantagem relativa, políticas e leis externas, características estruturais e recursos disponíveis.
1. Vantagem Relativa
A maioria dos profissionais de saúde acredita que o uso do Rx de tórax como ferramenta de triagem é mais vantajoso quando comparado à triagem dos sintomas, além de ajudar a descartar outros diagnósticos diferenciais, evitar atrasos no diagnóstico e diminuir os casos de TB perdidos. O Rx de tórax aumenta a sensibilidade e a especificidade da triagem para TB, especialmente entre os grupos de alto risco. A triagem precoce e o diagnóstico levam ao tratamento imediato, recuperação e diminuição dos custos catastróficos para o paciente e a família.
2. Políticas externas
Metade dos profissionais de saúde acredita que as políticas, as diretrizes e recomendações sobre ferramentas de triagem, facilitam a ambiente para a implementação do Rx de tórax na prática.
3. As características estruturais
As características estruturais do cenário interno são um dos fatores que influenciam a implementação. A estruturação do sistema de saúde impacta e pode tornar menos complexo o estabelecimento da rotina de triagem com Rx de tórax.
4. Os recursos disponíveis
Os recursos disponíveis no ambiente interno podem facilitar a implementação do Rx de tórax num algoritmo de triagem sistemática. Recursos como a disponibilidade de radiografias digitais e um radiologista são importantes.
As principais barreiras incluem:
1. A complexidade da intervenção
Relacionado ao aumento dos custos diretos e indiretos, aumento do tempo de espera para obter a triagem, falta de prioridade e falta de conscientização sobre o protocolo de triagem.
2. Prioridade relativa nas unidades de saúde
Pouco conhecimento, as atitudes e as práticas relacionadas aos algoritmos de triagem de radiografia de tórax. A falta de monitoramento e supervisão, além do uso apenas dos sintomas, mostram falta de prioridade na implementação da rotina.
3. O custo da intervenção
O custo associado ao uso do Rx de tórax para triagem sistemática da TB entre grupos de alto risco em instalações de saúde é um desafio para a implementação, especialmente em países de baixa e média renda. Todos os profissionais de saúde abordaram a questão dos custos da execução do projeto.
4. O conhecimento e as crenças individuais
A falta de conhecimento dos profissionais de saúde sobre os algoritmos de triagem em grupos de alto risco é uma barreira para sua implementação.
5. Falta de orientação programática consolidada (apoio externo)
O acesso ao conhecimento e à informação é um fator importante no ambiente interno que influencia a implementação de novas intervenções. Os participantes acreditavam que o apoio do ministério e de outras partes interessadas não era o esperado.
Conclusões
O estudo aborda uma importante discussão sobre os fatores referentes à utilização da radiografia de tórax como ferramenta no diagnóstico precoce da TB. Os profissionais relatam os aspectos facilitadores e as barreiras quanto à implantação de uma ferramenta já conhecida e utilizada, num protocolo de triagem para população de alto risco. A realização deste estudo pode ser factível em outros cenários e populações para avaliação desta metodologia para o diagnóstico precoce de TB.
Limitações e Mensagens do Artigo
O estudo tem algumas limitações, como o uso de um desenho qualitativo com um tamanho de amostra pequeno limita a precisão e a generalização dos resultados; a riqueza de experiência e perspectiva dos participantes reduziu essa limitação.
Janaina Leung – Enfermeira do Núcleo de Tisiologia do HUPE – UERJ e do Ambulatório de Tisiologia Newton Bethlem do Instituto de Doenças do Tórax do Complexo Hospitalar HUCFF/UFRJ