Influenza vaccine outcomes: a meta-analysis revealing morbidity benefits amid low infection prevention

Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Profissionais de Saúde

Publicado em 10 fev 2025

Influenza vaccine outcomes: a meta-analysis revealing morbidity benefits amid low infection prevention


Título do Estudo


Influenza vaccine outcomes: a meta-analysis revealing morbidity benefits amid low infection prevention

 

Fonte


Eur Respir Rev. 2025 Jan 8;34(175):240144. doi: 10.1183/16000617.0144-2024. PMID: 39778922; PMCID: PMC11707602.

 

Introdução


A morbidade e a mortalidade associadas aos vírus influenza são um grande problema de saúde pública mundial. A vacinação anual contra as cepas circulantes reduz a possibilidade de infecção e suas complicações, como as hospitalizações e mortes. Estes efeitos predominam nos grupos de alto risco como idosos, crianças pequenas, gestantes e imunocomprometidos. A ação preventiva ainda alivia a pressão da sazonalidade sobre os serviços de saúde e reduz custos de hospitalização. Para garantir este efeito protetor é necessária uma reformulação anual das vacinas contra os subtipos circulantes predominantes. Os vírus da gripe possuem grande variabilidade genética, o que exige atualizações anuais da vacina para manter sua eficácia, e cria um desafio contínuo no desenvolvimento de vacinas para enfrentar a dinâmica epidemiologia da gripe.

 

Métodos


Uma revisão sistemática com meta-análise foi realizada de acordo com as diretrizes PRISMA para caracterizar a carga atual de infecções e resultados em pacientes com diagnóstico confirmado laboratorialmente de influenza A e B nas últimas duas décadas (2003–2023). A busca foi realizada no PubMed. A inclusão de artigos limitou-se àqueles que tiveram confirmação diagnóstica com RT-PCR. Nos critérios de busca foram incluídos pacientes de todas as idades, gêneros, independente de comorbidades ou fatores de risco. Foram excluídos os estudos de animais, co-infecções virais, fúngicas ou parasitárias e estudos duplicados.

 

Resultados


Foram selecionados 119 artigos a partir de 2523 da busca inicial. Foram analisados dados de 192705 pacientes dos estudos. Não houve diferenças significativas na prevalência de qualquer um dos vírus influenza A H1N1, A H3N2 ou B no grupo <5 anos em comparação com pacientes >5 anos. Uma meta-análise foi conduzida para avaliar as chances de infecção de cada vírus entre  <5 anos e  >65 anos em comparação com o resto da população. Não houve diferença estatística nas chances de infecção por influenza A H1N1 e H3N2 entre pacientes <5 anos em comparação com aqueles com > 5 anos. No entanto, no caso de infecção por influenza B, as chances foram significativamente menores nos <5 anos. Uma maior prevalência de H1N1 foi observada entre pacientes <65 anos em comparação com >65 anos, mas a diferença não foi significativa para o H3N2 e influenza B. A razão das chances da meta-análise indicou uma maior incidência de infecções nos <65 anos em comparação com >65 anos para os influenzas A H1N1 e B. Já para o influenza A H3N2 não houve  diferença estatística. Uma possível explicação para as menores probabilidades de infecção nos >65 anos poderia ser a maior taxa de vacinação nesta faixa etária.

Foi analisado o impacto da vacinação contra influenza na prevalência da doença em todas as idades. Os pacientes foram divididos pelo tipo de vírus influenza (A H1N1, A H3N2 ou B), e em grupos de vacinados ou não vacinados. A prevalência foi então recalculada na população geral com base no status vacinal. Na meta-análise realizada, as infecções por A H1N1 e influenza B tiveram uma prevalência significativamente menor nos vacinados em comparação com os não vacinados. No grupo A H3N2 não houve redução significativa na prevalência entre os grupos.

Já a razão das chances de infecção analisada para cada subtipo de influenza, que ilustra a eficácia da proteção vacinal, demonstrou que há proteção vacinal contra infecção para todos os subtipos, A H1N1, A H3N2 e influenza B.

A eficácia da vacinação contra influenza foi avaliada nos grupos <5, >5–<65 e >65 anos, em comparação com a população total. Quando todas as idades foram incluídas, a vacinação foi eficaz contra todos os vírus testados, entretanto quando foi realizada uma análise baseada na idade, a vacinação contra influenza foi altamente eficaz contra a infecção pelos três vírus influenza em  <5 anos. Para os >5 anos, e em particular em adultos mais velhos (>65 anos), a proteção da vacina foi eficaz contra H1N1 e influenza B. No entanto, a proteção contra infecção foi menos eficaz para o H3N2, onde a vacinação não mostrou diferenças para o grupo de 5 a 65 anos e pacientes vacinados >65 anos idosos tiveram ainda mais infecções do que pacientes não vacinados na mesma faixa etária. Em geral, as crianças vacinadas estavam mais protegidas contra qualquer infecção pelo vírus influenza do que as outras faixas etárias.

Em relação à eficácia das vacinas na redução da mortalidade a vacinação demonstrou eficácia significativa, desde o primeiro mês até quase 1 ano após a infecção, com redução gradual no período. A análise ainda indicou que o H1N1 representa a maior taxa de risco de mortalidade, seguido pelo H3N2 e influenza B com o menor risco.

A vacinação contra a gripe diminuiu significativamente a razão das chances de mortalidade associada à infecção pelo H1N1 3 meses após a data da infecção, do H3N2 até 9 meses após a infecção. O impacto na mortalidade pelo influenza B 1 mês após a infecção foi baixo, o que poderia ser visto como menor eficácia na prevenção da mortalidade neste subgrupo. No entanto, o influenza B também apresenta um risco menor de morte que o influenza A, o que pode ter impactado a análise.

A eficácia da vacinação na prevenção das mortes foi analisada também por faixa etária. Nos <5 anos não houve registros de óbitos após 1 ano da infecção nos dados analisados. Foram então analisados os grupo de idade intermediária (5–65 anos) e idosos (>65 anos), usando o mesmo conjunto de dados. Curiosamente, pacientes >65 anos apresentaram menor mortalidade para H3N2 e influenza B do que pacientes entre 5 e 65 anos. Além disso, a vacinação proporcionou redução significativa na razão das chances de mortes em pacientes >65 anos com H1N1 ou H3N2, mesmo após 12 meses da vacinação para H1N1 e 6 meses para H3N2. A análise indicou uma tendência de menor mortalidade em pacientes >65 anos, mas sem significância estatística na razão das chances de mortalidade em pacientes com influenza B.

Quando analisado o risco de morte em pacientes com comorbidades, a vacinação também foi eficaz em reduzir a mortalidade para A H3N2, A H1N1 e influenza B.

A análise reflete que a vacinação geral contra influenza A H1N1, AH3N2 e B é eficaz na redução de infecção e complicações relacionadas à influenza em todas as faixas etárias. Por outro lado, embora a vacinação contra o influenza A H3N2 seja eficaz na proteção contra infecções em crianças com menos de 5 anos de idade, a proteção contra este subtipo é reduzida contra infecção em indivíduos mais velhos.

 

Discussão


Apesar das taxas de infecção mais elevadas, a vacinação contra o H3N2 é tão altamente eficaz quanto contra H1N1 e influenza B na redução da morbidade e mortalidade relacionadas à gripe em todas as faixas etárias. O detalhamento da eficácia vacinal em termos de proteção contra infecções e carga de doenças em diferentes grupos etários é necessário para compreender os impactos da vacina em termos de hospitalizações, mortalidade e gravidade da doença; para melhorar as formulações de vacinas e a sensibilização da população; e para melhorar as campanhas de vacinação para melhorar a cobertura e adesão da população.

 

Conclusão


A vacinação contra influenza é eficaz na prevenção da mortalidade pelos influenza A H1N1, A H3N2 e  B em todos os grupos, já em relação a proteção contra a infecção viral, a eficácia variou conforme a faixa etária.

 

Limitações


Os dados utilizados no estudo foram buscados apenas no PubMed e eram oriundos de países com sistemas de saúde distintos, populações com diferentes expectativas de vida e coberturas vacinais distintas. O período analisado incluiu a pandemia de covi19, que alterou a dinâmica de propagação viral com os períodos de lockdown. Apenas casos confirmados pela metodologia RT-PCR foram incluídos. A menor gravidade dos casos de gripe por influenza B pode ter impactado nos números de diagnósticos, com perda de casos leves ou mesmo assintomáticos.

 

Referência


Presa J, Arranz-Herrero J, Alvarez-Losa L, Rius-Rocabert S, Pozuelo MJ, Lalueza A, Ochando J, Eiros JM, Sanz-Muñoz I, Nistal-Villan E. Influenza vaccine outcomes: a meta-analysis revealing morbidity benefits amid low infection prevention. Eur Respir Rev. 2025 Jan 8;34(175):240144. doi: 10.1183/16000617.0144-2024. PMID: 39778922; PMCID: PMC11707602.

 

Dr. Bruno Rangel – Professor Adjunto de Pneumologia da UERJ

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