Publicado em 9 jul 2022
Neoadjuvant Nivolumab plus Chemotherapy in Resectable Lung Cancer (Checkmate 816)
Título do Estudo
Neoadjuvant Nivolumab plus Chemotherapy in Resectable Lung Cancer (Checkmate 816)
Fonte
Forde PM, Spicer J, Lu S et al. Neoadjuvant nivolumab plus chemotherapy in resectable lung cancer. N Engl J Med 2022; 386: 1973-1985.
Desenho do Estudo
1. Objetivo: avaliar ganhos de sobrevida (livre de eventos) ao oferecer imunoterapia neoadjuvante, combinada a quimioterapia a pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) – doença inicial (estadios IB a IIIA).
2. Trata-se de um estudo fase 3, randomizado multicêntrico, aberto. O recrutamento foi realizado entre março de 2017 e novembro de 2019. No total 773 pacientes foram recrutados, 505 randomizados e 358 receberam a terapia proposta.
3. O estudo incluiu pacientes com CPNPC estadio IB (tumores ≥4 cm) a IIIA, com performance status 0-1, independentemente de sexo e tipo histológico, com proposta de cirurgia curativa. Estes pacientes foram randomizados para receber quimioterapia neoadjuvante (dupla com platina) por 3 ciclos, isolada ou combinada ao agente anti-PD1 nivolumabe (braço experimental). A cirurgia deveria ser programada em até 6 semanas após o término da neoadjuvância. Foi permitido realizar quimioterapia ou radioterapia adjuvantes após a cirurgia (critério do investigador).
4. Os objetivos principais foram a avaliação da sobrevida livre de eventos (progressão após cirurgia ou sem cirurgia e morte) e a resposta patológica completa (ausência de doença residual). Como objetivos secundários foram avaliados resposta patológica maior (<10% de doença residual), tempo para morte ou recorrência à distância e sobrevida global.
Mensagens do Artigo
1. O estudo foi considerado positivo. Houve um benefício da imunoterapia neoadjuvante em Sobrevida livre de eventos (31,6 meses versus 20,8 meses; HR 0,63 – IC 95% 0,48-0,91; p=0,005). A porcentagem de pacientes com resposta patológica completa foi de 24% no braço experimental e 2,2% no braço que recebeu apenas quimioterapia (OR 13,9 – IC 99% 3,49-55,75; p< 0,001). Em todos os subgrupos de pacientes a adição da imunoterapia foi favorável.
2. Dados de sobrevida global ainda são imaturos e não alcançaram significância estatística. A terapia neoadjuvante não atrasou ou reduziu as chances de abordagem cirúrgica (83,2% e 75,4% dos pacientes foram submetidos a cirurgia, nos braços experimental e controle, respectivamente). Eventos adversos de graus 3-4 ocorreram em 33,5% dos pacientes que receberam nivolumabe, e 36,9% dos pacientes do grupo controle.
3. Os resultados deste estudo motivaram a aprovação desta estratégia em agências regulatórias de todo o mundo, tornando-a uma nova opção de tratamento.
Limitações do Estudo
1. Como se trata de tratamento com intenção curativa, seria importante a demonstração de benefício de sobrevida global. Ainda não se sabe se, em câncer de pulmão, resposta patológica completa ou sobrevida livre de eventos se correlacionam à sobrevida global.
2. O estudo não identificou os pacientes a partir de subgrupos moleculares, e foi desenhado antes da aprovação das estratégias de terapia-alvo anti-EGFR e imunoterapia adjuvantes (hoje amplamente adotadas).
Dra Clarissa Baldotto