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Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Profissionais de Saúde

25abr – Encontro na Academia – UFF


Está chegando mais um Encontro na Academia!

Será uma manhã de muito aprendizado com o Dr. Leonardo Pessôa, presidente da SOPTERJ e a Dra. Margareth Dalcolmo, Presidente da Soc. Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

Então marque na sua agenda, dia 25 abril, às 10:15 no Prédio Novo da Faculdade de Medicina da Uff – Anfiteatro 2º andar

📍 R. Desembargador Athayde Parreiras, 100 – Bairro de Fátima – Niterói


Apoio: 

Community-Acquired Pneumonia


Título do Estudo


Community-Acquired Pneumonia

 

Fonte


Community-Acquired Pneumonia The New England Journal of Medicine. Published August 16, 2023 N Engl J Med 2023;389:632-641. DOI: 10.1056/NEJMcp2303286 VOL. 389 NO. 7.

 

Introdução


A pneumonia adquirida na comunidade é uma infecção aguda do parênquima pulmonar adquirida na comunidade, sendo distinta da pneumonia nosocomial. É uma causa comum de hospitalização e morte em todo o mundo.

Alguns fatores aumentam o risco de infecção, tais como idade avançada, doença pulmonar crônica, doenças cardíacas crônicas, tabagismo, alcoolismo, infecções de virais de vias aéreas entre outros.

 

Métodos


Artigo de revisão narrativa sobre identificação e o manejo das pneumonias adquirida na comunidade.

 

Resultados


O desenvolvimento de pneumonia é influenciado por vários fatores, que incluem suscetibilidade do hospedeiro, virulência do patógeno e a quantidade de microrganismos que atinge as vias aéreas inferiores.

Os patógenos podem atingir as vias aéreas do hospedeiro de diversas formas, seja por microaspirações, macroaspirações, inalações ou disseminação por via hematogênica, sendo a microaspirações o principal meio para os microrganismos chegarem aos pulmões.

Embora a pneumonia adquirida na comunidade tenha sido rotulada como uma doença pulmonar aguda, temos o entendimento atualmente de que se trata de uma desordem multissistêmica, podendo levar a sequelas agudas e de longo prazo.

Numerosos microrganismos podem ocasionar pneumonia adquirida na comunidade, sendo principalmente as bactérias e os vírus. Nos últimos anos o Coronavírus se notabilizou-se por ser o principal agente viral a causar pneumonia adquirida na comunidade.

O diagnóstico é feito com base na clínica do paciente, achado do exame físico, imagem do tórax e de laboratoriais tal como a procalcitonina que é elevada nas infecções por bactérias e baixa nas infecções virais.

É de suma importância a decisão de onde o paciente deverá ser tratado, junto com o julgamento clínico, podemos utilizar scores tais como o CURB65 e o PSI que nos ajudam na tomada de decisão.

Pacientes que iram receber tratamento ambulatorial não necessitam da realização de culturas para determinação do patógeno, após afastar pneumonia viral, para paciente que não receberam tratamento recente com antibióticos, recomenda-se monoterapia com amoxicilina ou doxiciclina ou macrolídeos.

Paciente que receberam antibióticos nos últimos três meses ou que apresentam comorbidades tais como tabagismo, doença cardíaca crônica, etilistas, devem receber terapia combinada, com esquema preferencial amoxicilina + clavulanato de potássio associado a um macrolídeo ou doxiciclina. Para pacientes que não podem receber betalactamicos deve optar pelo uso de fluoroquinolonas respiratórias.

Para doentes que precisem ser internados, deve-se determinar a presença de MRSA ou Pseudomonas, caso a presença seja confirmada, o espectro do antibiótico deverá ser ampliado para cobertura destes patógenos.

Doentes graves que necessitem de internação de UTI e em choque séptico, orienta-se início de terapia anti-MRSA empiricamente até a determinação do patógeno.

Terapias com glicocorticoides para pacientes graves em UTI e em ventilação mecânica têm se mostrado benéficas na sobrevida, porém mais estudos são necessários.

A duração da terapia geralmente é de cinco dias, ciclos prolongados de antibióticos podem ser indicado em paciente com imunocomprometidos, empiemas e infecção por P.aeruginosa.

Alta hospitalar é recomendada com pacientes que estejam clinicamente estáveis e que sejam capazes de tomar medicações orais e disponham de um ambiente seguro para continuidade do tratamento. A comunicação com a atenção primária em saúde para continuidade do acompanhamento e tratamento são fundamentais para sucesso e a redução das readmissões hospitalares.

 

Conclusões


A pneumonia adquirida na comunidade continua a ser umas das principais causas de hospitalização e morte em todo mundo.

O manejo adequado inicial com a determinação do local de tratamento e a terapia antimicrobiana a ser iniciada é fundamental e podemos utilizar os scores como CURB65 e o PSI que nos auxiliam na tomada de decisão.

Doentes graves internados em UTI devem receber terapia anti-MRSA até que seja identificado o patógeno causador e possa ser feito o descalonamento da terapia.

 

Limitações e mensagens do artigo


Uma melhor compreensão do papel do microbioma pulmonar na pneumonia adquirida na comunidade é necessário, o que ajudaria a entender as diferentes respostas inflamatórias e a suscetibilidade a patógenos específicos.

Diagnósticos microbiológicos com uso de painéis moleculares rápidos ainda são tecnologias em estudos e ainda não disponíveis.

Embora as diretrizes da ATS recomendem monoterapia para pacientes ambulatoriais de baixo risco, frequentemente utilizamos terapia combinada com macrolídeos uma vez que esses patógenos são relativamente comuns em nosso meio.

 

David Versalli é pneumologista formado pela UFF, médico residente do serviço de Broncoscopia da UERJ.

25abr – Debate SOPTERJ


Debates SOPTERJ – 25 de abril (quinta-feira) – 19h30
Restaurante La Villa – R. Álvaro Ramos, 408 – Botafogo


Importância de uma linha de cuidados em DPOC – Dra Michelle Cailleaux
Alterações pulmonares em usuários de maconha – Dr Alessandro Severo


Alexandre Ciminelli Malizia – Secretário Científico
Carlos Leonardo Carvalho Pessôa – Presidente da SOPTERJ

Apoio:

11mai – Jornada de Pneumologia da SOPTERJ – Baixada Fluminense


Estão abertas as inscrições para primeira Jornada de Pneumologia da SOPTERJ.

O evento será realizado na Universidade Unigranrio, unidade Caxias e a SOPTERJ disponibilizará certificado para todos os participantes.

Os estudantes inscritos e presentes no dia do evento terão 20h complementares.

Não fique de fora e participe também! 🫁

🗓️ | 11.05.2024
⏰ | 08:00h – 13:00h
📍 | Auditório da Unigranrio – Campus Caxias

Taxa de inscrição:
R$ 50,00 (médicos)
R$ 30,00 (estudantes)

Regra para participar do evento:
– Realizar inscrição através do link na bio

Obs.: É obrigatório o envio do comprovante de pagamento através do FORMS.

Coordenação: Dra. Raquel Noboa – Vice Presidente Regional da Baixada Fluminense / SOPTERJ

Le concept de pneumopathie interstitielle diffuse avec manifestations auto-immunes (IPAF) The concept of interstitial pneumonia with autoimmune features


Título do Estudo


Le concept de pneumopathie interstitielle diffuse avec manifestations auto-immunes (IPAF) The concept of interstitial pneumonia with autoimmune features

 

Fonte


J. Bermudez, P. Habert, B. Coiffard, Le concept de pneumopathie interstitielle diffuse avec manifestations auto-immunes (IPAF), La Revue de Médecine Interne, 2024, ISSN 0248-8663, https://doi.org/10.1016/j.revmed.2024.02.005. (https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0248866324000596)

 

Introdução


As doenças intersticiais pulmonares (PID) constituem um grupo heterogêneo de doenças respiratórias frequentemente relacionadas às doenças do tecido conjuntivo. Alguns pacientes desenvolvem PID com características autoimunes sem atingir os critérios para fechar o diagnóstico de doenças autoimunes. Para melhor identificar esses pacientes, foi criado o conceito de pneumonia intersticial com características autoimunes (IPAF). A idade média de diagnóstico é de 60 anos, acometendo proporcionalmente os sexos. O seu prognóstico é melhor do que o dos pacientes com PID idiopática e com sobrevida média em 5 anos de 70%. Os fatores de mau prognóstico são idade avançada no momento do diagnóstico, padrão de pneumonia intersticial usual (PIU) na tomografia e redução da capacidade de difusão de monóxido de carbono (DLCO). O objetivo desta classificação é caracterizar melhor esses pacientes e melhorar seu manejo.

 

Discussão


As PIDs podem: granulomatosas (principalmente sarcoidose),secundária à doença do tecido conjuntivo ou vasculite, medicamentosa ou secundária a outras exposições, idiopáticas como a fibrose pulmonar idiopática (FPI), doença pulmonar intersticial não específica (PINE) ou mesmo pneumonia em organização criptogênica (PO), ou ainda de etiologias específicas incluindo a linfangioleiomiomatose e histiocitose de Langherhans. A investigação inclui exame físico, história, painel de autoimunidade e tomografia de tórax de alta resolução. As doenças de tecido conjuntivo são as principais causas de PID, encontradas em quase 30% dos novos diagnósticos, dentre elas artrite reumatóide, esclerose sistêmica, dermatomiosite e Síndrome Sjogren.

O diagnóstico da IPAF requer primeiro um diagnóstico de PID confirmada por TC de tórax ou biópsia pulmonar, com exclusão de outras etiologias de PID e não deve atender aos critérios diagnósticos de doenças do tecido conjuntivo.

Os critérios diagnósticos de IPAF baseiam-se em três áreas, e o diagnóstico será confirmado com pelo menos um critério de pelo menos duas das três áreas. A área clínic acom sinais extratorácicos como fissuras distais nos dedos (mãos de mecânico), ulceração digital distal, artrite inflamatória, poliartralgia, telangiectasias palmares, fenômeno de Raynaud, pápulas de Gottron (foram excluídos alopecia, síndrome seca ou mesmo mialgia). A área sorológica com a presença de autoanticorpos como FAN pontilhado, homogêneo ou difuso ≥1:320; FAN nucleolar ou centromérico independente dos títulos; FR≥ 2 vezes o normal; anti-CCP; anti-DNA, anti-Ro; anti-La(atenção PCR, VHS e CPK não foram incluídos). O domínio morfológico pulmonar inclui critérios histológicos, tomográficos e multicorpartimentais.

Os padrões tomográficos seriam: padrão de pneumonia intersticial não específica (PINE), pneumonia em organização (PO) ou pneumoniaintersticial linfocítica (PIL).

 

Os critérios histológicos se associam aos critérios de TC com presença de padrão de PINE, PO ou LIP. O padrão PIU não é um critério de IPAF, porém não exclui a patologia.

Envolvimento multicompartimental inclui a serosa, vias aéreas e os vasos e é um critério morfológico quando é associado a uma PID (espessamento ou derrame pleural ou pericárdico, bronquiolite, hipertensão pulmonar (HP) pré-capilar, são exemplos).

 

Cerca de 20% dos pacientes com IPAF desenvolverão alguma doença de tecido conjuntivo, principalmente Sjogren, esclerose sistêmica e miosite.

Em termos de prognóstico, os pacientes com IPAF parecem ter um prognóstico pior ou semelhante ao dos pacientes com doença do tecido conjuntivo, porém melhor do que o dos pacientes com PID idiopática, tendo a sobrevida média de 70% em 5 anos. Os fatores de mau prognóstico dos pacientes IPAF são: idade elevada ao diagnóstico, presença de padrão de UIP e redução de DLCO.

Até o momento, não há recomendações de manejo específico dos pacientes com IPAF. Assim como em outras pneumopatias, é necessário evitar drogas pneumotóxicas, reabilitação pulmonar, atualização do calendário de vacinação, oxigenoterapia se indicado e tratamento da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) se necessário.

Os cuidados terapêuticos específicos devem ser individualizado e debatidos em discussão multidisciplinar. Pacientes com uma forma inflamatória se beneficiariam mais do tratamento com corticosteróides e imunossupressores, enquanto as formas fibrosantes tratadas com antifibróticos.

Recentemente, o papel do rituximabe e do micofenolato foi avaliado em estudo prospectivo em uma coorte de pacientes com padrão PINE,compreendendo quase 30% de IPAF. Foi demonstrado que a combinação de rituximabe e MMF foi mais eficaz do que o MMF sozinho em termos de mudança na CVF e tempo de vida livre de progressão. Esta associação poderia, portanto, ser um tratamento de escolha para a população de pacientes da IPAF.

Avaliados inicialmente na FPI, pirfenidona e nintedanibe são os únicos tratamentos que demonstraram eficácia na redução do declínio da função respiratória. Recentemente, estes tratamentos demonstraram a sua eficácia em pacientes com PID fibrótica progressiva (incluindo IPAF) definida pela presença de pelo menos 2 critérios entre os 3 seguintes durante o último ano: piora dos sintomas respiratórios; progressão funcional respiratória (definida por pelo menos um entre : redução de ≥ 5% na CVF | redução ≥ 10% na DLCO) ; piora tomográfica (aumento da bronquiectasias de tração, surgimento de novas opacidades de vidro fosco associadas a bronquiectasia de tração, surgimento de reticulações finas, aumento na extensão das reticulações, faveolamento novo).

 

Conclusões


A criação da nova entidade – IPAF – facilita a identificação de pacientes na fronteira entre PID idiopática e PID secundária. Esta nova classificação foi necessária para melhor caracterizar e avaliar esses pacientes no plano diagnóstico, terapêutico e prognóstico. A colaboração de diferentes especialistas e discussões multidisciplinares é fundamental. O tratamento é feito com imunossupressores e antifibróticos, além de medidas clássicas associadas a patologias respiratórias crônicas. Os próximos trabalhos provavelmente buscarão otimizar a classificação diagnóstica e o manejo desses pacientes.

 

Drª Isabela Macêdo é pneumologista da RedeD’or

Phase 3 Trial of Sotatercept for Treatment of Pulmonary Arterial Hypertension


Título do Estudo


Phase 3 Trial of Sotatercept for Treatment of Pulmonary Arterial Hypertension

 

Fonte


M.M. Hoeper, D.B. Badesch, H.A. Ghofrani, J.S.R. Gibbs, M. Gomberg-Maitland, V.V. McLaughlin, I.R. Preston, R. Souza, A.B. Waxman, E. Grünig, G. Kopeć, G. Meyer, K.M. Olsson, S. Rosenkranz, Y. Xu, B. Miller, M. Fowler, J. Butler, J. Koglin, J. de Oliveira Pena, and M. Humbert. The New England Journal ofMedicine April 20,2023;388:1478-90.https://doi.org/10.1056/ NEJMoa2213558

 

Introdução


A hipertensão arterial pulmonar (HAP) é uma doença progressiva caracterizada por remodelamento e proliferação das arteríolas pulmonares com estreitamento progressivo do lúmen podendo culminar em insuficiência ventricular direita e óbito. Os medicamentos atuais específicos para HAP atuam nas vias do óxido nítrico, da endotelina e da prostaciclina. No entanto, a morbidade e amortalidade permanecem elevadas motivando a inclusão de tratamentos adicionais. A remodelação vascular pulmonar afeta todas as camadas da parede do vaso e ocorre sobretudo pelo aumento da proliferação e diminuição da apoptose das células endoteliais e do músculo liso. Recentes estudos enfatizaram o papel dos membros da superfamília do fator de crescimento transformador β (TGF-β) -receptor de proteína morfogenética óssea (BMP) tipo 2 (BMPR2) – e a regulação da apoptose como mecanismos de remodelação vascular.As mutações que reduzem a sinalização na via do BMPR2 acarretam disfunção endotelial, aumento da proliferação celular e remodelação vascular.O Sotatercept atua na inibição dos ligantes do TGF-β promovendo a homeostase dos mecanismos geradores da hipertensão pulmonar.

 

Objetivo


O objetivo principal do ensaio STELLAR de fase 3 foi avaliar a eficácia, segurança e perfil de eventos adversos do sotatercept em combinação com a terapêutica de base previamente instituída em pacientes com HAP sintomáticos (classe funcional (CF) II ou III da OMS).

 

Métodos


O objetivo principal do ensaio STELLAR de fase 3 foi avaliar a eficácia, segurança e perfil de eventos adversos do sotatercept em combinação com a terapêutica de base previamente instituída em pacientes com HAP sintomáticos (classe funcional (CF) II ou III da OMS).

 

Resultados


Foram randomizados 323 pacientes sendo que, 163 receberam sotatercept e 160 placebo, ambos associados ao tratamento de base previamente instituído.Desses, 198 (61,3%) estavam em terapia tripla e 129 (39,9%) com prostaciclina intravenosa.Na análise do desfecho primário, a mudançaem relação ao basal na semana 24 na DTC 6′ foi de 34,4 m (IC 95%, 33,0 a 35,5) no grupo sotatercept e de 1,0 m (IC95%, -0,3 a 3,5) noplacebo.Foram observadas melhorias significativas com osotatercept na semana 24 nos seguintes desfechos: níveis de RVP e de NT-proBNP, CF,no risco de morte e nos escores dos domínios da ferramenta de qualidade de vida PAH-SYMPACT, exceto para o Impacto Cognitivo/Emocional.O risco de morte ou de piora clínica, avaliado até ao final do ensaio, foi 84% menor com o sotatercept do que com o placebo.

Os eventos adversos mais frequentemente observados com o sotatercept incluíram epistaxe não grave, tonturas, telangiectasia, aumento dos níveis de hemoglobina, trombocitopenia e aumento da pressão arterial.

 

Limitações


1) O estudo incluiu apenas pacientes com HAPem CF II ou III da OMS.

2) A maioria dos pacientes com HAP incluído tinha etiologia idiopática.

3) Foi incluído apenas os pacientes com valores basais de RVP ≥5 U Wood, não refletindo a definição hemodinâmica de HAP nas diretrizes atuais da ESC/ERS de 2022.

4) O períodode tratamento de 7,5 meses impossibilitou estabelecer a manutenção da resposta terapêutica, a segurança e o perfil de eventos adversos a longo prazo.

5) Por último, o STELLAR não avaliou os efeitos do sotatercept na mortalidade.

 

Conclusão


Em pacientes com HAP em terapia prévia de basea adição do sotatercept resultou em melhoria da capacidade de exercício avaliada pelo TC6′ em relação ao placebo. Houve também melhorias na RVP, na CF da OMS, nos níveis de NT-proBNP, no risco de morte avaliado peloregistro francês simplificado e nos escores dos domínios Impactos físico e Sintomas Cardiopulmonares da PAH-SYMPACT. O sotatercept mostrou uma relação risco-benefício favorável, confirmando e reproduzindo os resultados de estudos anteriores.

 

Considerações


A HAP é uma condição grave de difícil avaliação na prática clínica, mantendo ainda elevadas taxas de morbidade e mortalidade a despeitodas melhorias no arsenal terapêutico nos últimos anos. A introdução de uma nova via de tratamento com atuação na homeostase e nos efeitos antiproliferativos na artéria pulmonar parece promissor em buscar melhores resultados.

 

Elizabeth Jauhar Cardoso Bessa, Médica Pneumologista da UERJ e do HCE.

Population-Based Disease Odds for E-Cigarettes and Dual Use versus Cigarettes


Título do Estudo


Population-Based Disease Odds for E-Cigarettes and Dual Use versus Cigarettes

 

Fonte


Published February 27, 2024 – NEJM Evid 2024;3(3) – DOI: 10.1056/EVIDoa2300229 – VOL. 3 NO. 3

 

Introdução


As ações de marketing de algumas marcas de cigarros eletrônicos (CE) alegam que estes produtos são menos prejudiciais que os cigarros combustíveis (CC). Baseados no fato de que muitos biomarcadores de exposição ou potencial dano, seriam menores em usuários de CE do que em usuários de CC e semelhantes àqueles dos usuários duplos (fumam cigarros eletrônicos e cigarros combustíveis).

O que acontece é que CE e CC são produtos diferentes. Muitas pesquisas buscaram encontrar em CE os produtos tóxicos dos CC (produtos relacionados à combustão – que não estão presentes ou estão em níveis muito baixos nos CE). São meios químicos completamente distintos, enquanto os CE expõem seus usuários a milhares de substâncias químicas, mas com um perfil tóxico diferente dos CC.

Uma vez que os CE são frequentemente apresentados como uma alternativa menos prejudicial que os CC, faz-se necessária a comparação entre esses dois produtos.

Uma questão importante a ser considerada é que muitos usuários de CE também fumam CC (uso duplo).

Este estudo oferece uma revisão sistemática e meta-análise das associações entre o uso atual de CE e uso duplo e adoecimento na população em geral; em comparação com o uso de CC e em comparação com o não uso de qualquer um dos produtos.

 

Métodos


Foi realizado um trabalho de pesquisa no PubMed, EMBASE, Web of Science e PsychINFO, por artigos publicados de 01 de janeiro de 2005 (antes da entrada dos CE nos EUA) até 1° de outubro de 2023.

Foram pesquisados estudos epidemiológicos populacionais que relataram a associação entre o uso de CE na população e adoecimento. As doenças que apareceram em pelo menos cinco artigos foram usadas para meta-análise quantitativa. Outros desfechos de doenças foram resumidos qualitativamente.

Foi calculado “odds ratio” para cada adoecimento por uso de CE e uso duplo em comparação com CC, e com a não utilização destes produtos (nunca usou ou não usa atualmente).

 

Resultados


Foram identificados 124 “odds ratios” de 107 estudos. As “odds ratios” agrupadas para o uso atual de CE versus o uso de CC, mostram chances semelhantes de adoecimento para doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral e disfunções metabólicas. E probabilidade menor para asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Essa “menor chance” de DPOC em usuários de CE pode refletir o fato de que estes são mais jovens que os fumantes de CC, e como tal pode ainda não ter decorrido tempo suficiente para a doença respiratória se manifestar clinicamente.

As “odds ratios” agrupadas para uso duplo (CE e CC), versus CC aumentaram em todos os desfechos de doença, quer cardiovascular, metabólica, respiratória ou doença oral.

Comparação com o não-uso destes produtos

O uso de CE em comparação com a não utilização de CE estava associado a estimativas pontuais mais altas para doença para todos os desfechos;

O uso duplo em comparação com a não utilização de CE ou CC estava associado a chances aumentadas de doença;

O uso de CC em comparação com a não utilização de cigarros também estava associado a chances aumentadas de doença.

 

Discussões


Os CE expõem os tabagistas a uma mistura química tóxica diferente dos CC, incluindo compostos formados durante o aquecimento e a aerossolização, que não estão presentes no e-líquido em si. Embora haja alguma sobreposição de substâncias, o uso duplo de CE e CC entrega uma gama maior de toxinas do que qualquer um deles sozinho. E o uso duplo é muito comum entre os usuários.

Os CE estão no mercado há menos de 20 anos, o que pode não ser tempo suficiente para observar a manifestação completa do impacto do adoecimento causado pelo consumo. Mesmo assim, os dados disponíveis já revelaram associação com várias doenças.

 

Conclusões


Evidências epidemiológicas diretas sugerem que as chances de adoecimento entre usuários de CE e CC são semelhantes para a doença cerebrocardiovascular e metabólica.Enquanto até a presente data, a chance de adoecimento por doença respiratória e oral pareça ser menor, tal poderá ser devido a um menor tempo de exposição em usuários de CE mais jovens. Notoriamente, o uso de CE está associado a doenças similares àquelas causadas pelo CC.

O uso duplo foi associado a uma chance 20 a 40 % maior de adoecimento, inclusive para doenças respiratórias. E o uso duplo é um comportamento muito comum entre os usuários, principalmente os mais jovens.

A descoberta do aumento de risco de adoecimento entre usuários de CE em comparação aos não-usuários, evidencia os riscos substanciais para jovens e adultos jovens que iniciam o uso de nicotina com CE e ex-tabagistas que também reiniciam o uso desta substância através destes produtos.

Esses resultados sugerem a necessidade de uma reavaliação da suposição de que CE são uma alternativa menos prejudicial aos CC.

Cigarros eletrônicos não estão associados à cessação do Tabagismo. Sabemos que, em longo prazo, estão associados à menor taxa de cessação e aumentam muito as chances do usuário praticar o uso duplo.

 

Cristiane Tourinho, Médica do Ambulatório de Cessação de Tabagismo do Serviço de Pneumologia da UERJ; Coordenadora do Projeto de Extensão Educação Anti-Tabaco (EAT-UERJ).

Prevalence, Diagnostic Utility and Associated Characteristics of Bronchodilator Responsiveness


Título do Estudo


Prevalence, Diagnostic Utility and Associated Characteristics of Bronchodilator Responsiveness

 

Fonte


Beasley, Richard, et al. “Prevalence, diagnostic utility and associated characteristics of bronchodilator responsiveness.” American journal of respiratory and critical care medicine 2024 Feb 15; 209(4): 390–401.Published online 2023 Nov 29. doi: 10.1164/rccm.202308-1436OC (2023).

 

Introdução


Tradicionalmente, uma resposta broncodilatadora positiva (RBP) é considerada diagnóstica de asma apesar de também ser observada em alguns pacientes com DPOC. A diferenciação entre estas doenças é importante devido ao manejo terapêutico distinto. De acordo com as recomendações da ATS/ERS de 2005, RBP era definida como um aumento no VEF1 ou na CVF de ≥12% e ≥200ml em relação à fase pré broncodilatação (BD). As novas diretrizes da ATS/ERS publicadas em 2021 definem RBP como aumento >10% no VEF1 ou na CVF em relação ao valor predito. Não se sabe se as novas definições são capazes de diferenciar de forma mais adequada asma e DPOC. O objetivo deste estudo foi comparar a prevalência, a utilidade diagnóstica e as características clínicas associadas a uma RBP em pacientes com diagnóstico de asma, asma e DPOC ou DPOC.

 

Métodos


Foram analisados dados de participantes do estudo NOVELTY, uma coorte prospectiva que incluiu pacientes com diagnóstico (estabelecido pelo médico assistente) de asma e/ou DPOC acima de 12 anos de 18 países. Nos pacientes incluídos, medicamentos broncodilatadores foram suspensos até 24h antes de acordo com o tempo de ação, espirometria basal foi realizada e repetida 15-30 minutos após inalação de broncodilatador de curta ação (salbutamol ou terbutalina). Os valores preditos de VEF1 e CVF foram derivados das equações de referência do Global Lung Function Initiative (GLI).

 

Resultados


Incluídos 6788 pacientes, sendo 3519 com diagnóstico de asma, 833 com asma e DPOC e 2436 com DPOC. Usando os critérios da ATS/ERS 2005, 19,7% de pacientes asmáticos, 29,6% dos pacientes com asma e DPOC e 24,7% dos pacientes com DPOC tinham RBP. Com os critérios de 2021, as prevalências foram menores: 18,1%, 23,3% e 18% respectivamente. Usando o critério de aumento isolado de VEF1 >10% do predito, a proporção de RBP foi menor em pacientes com DPOC, enquanto usando o aumento isolado de CVF >10% do predito, a proporção de RBP foi menor em pacientes com asma.

Independente do critério usado, em pacientes com asma e asma + DPOC, a proporção de pacientes com RBP foi maior com maior gravidade de doença avaliada pelo médico assistente. Também foi maior com menores valores de VEF1 préBD.

Pelos critérios da ATS/ERS 2005 a sensibilidade foi de 55% e especificidade de 30% para diferenciar asma de DPOC enquanto pelos critérios de 2021 a sensibilidade foi menor (19%) e a especificidade maior (80%). O critério: aumento ≥15% e ≥400ml no VEF1 foi o que teve a maior sensibilidade para diferenciar as doenças (80%).

Em pacientes com asma, uma RBP (usando critérios de 2021) foi associada a pior função pós-BD, maiores níveis de FENO, sintomas respiratórios piores, maior probabilidade de exacerbação com necessidade de internação nos 12 meses anteriores e maior proporção de tratamento com terapia tripla, corticoide oral ou imunobiológicos.

Em pacientes com DPOC, uma RBP (usando os critérios de 2021) foi associada a um pior grau de obstrução e pior status de saúde avaliado pelo Saint George Respiratory Questionnaire.

Uma RBP, usando os critérios de 2005, foi adicionalmente associada a maior probabilidade de ter uma ou mais exacerbações moderadas a graves no ano subsequente (OR 1,19; IC95% 1,02-1,37), o que não foi observado usando os critérios de 2021 (OR 1,04; IC95% 0,88-1,22).

 

Discussão e Conclusões


A prevalência de RBP foi menor utilizando as novas definições da ATS/ERS de 2021. Nenhum dos critérios de resposta a BD teve bom poder discriminatório entre os diagnósticos de asma e DPOC, sendo este maior quando maior a resposta a broncodilatação. Uma RBP foi associada à pior função pulmonar e maior carga de sintomas. Os critérios de 2005 tiveram maior valor em predizer exacerbações futuras no atual estudo. Os autores sugerem que a prova broncodilatadora não seja utilizada como uma ferramenta diagnóstica e como critério de inclusão obrigatório em estudos sobre asma, mas que seja utilizada como um traço tratável no manejo clínico de pacientes com doença crônica de vias aéreas.

 

Limitações


Os diagnósticos de asma e DPOC foram determinados pelo médico assistente e não por critérios pré-estabelecidos. Além disso, os pacientes incluídos tinham a doença há mais de 7 anos em média e já vinham em uso de tratamento. Desta forma os dados não são generalizáveis para o momento do diagnóstico. Outra limitação foi que as avaliações funcionais foram realizadas em um único momento, não considerando a possibilidade de variabilidade diária da resposta broncodilatadora.

 

Nina Rocha Godinho dos Reis Visconti, Médica pneumologista do Instituto de Doenças do Tórax/ UFRJ

21mar – Debate SOPTERJ


Debates SOPTERJ – 21 de março (quinta-feira) – 19h30
Restaurante La Villa – R. Álvaro Ramos, 408 – Botafogo


O Futuro chegou? Tezpire no controle da asma grave – Prof Alexandre Pinto Cardoso
Doença Pulmonar Pós Tuberculose – Profª Fernanda Queiroz


Alexandre Ciminelli Malizia – Secretário Científico
Carlos Leonardo Carvalho Pessôa – Presidente da SOPTERJ

Apoio:

A Coordenação Geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não tuberculosas (CGTM/DATHI/SVSA/MS)


A Coordenação Geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não tuberculosas (CGTM/DATHI/SVSA/MS) irá promover uma série de webinários em alusão ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose. Os webinários acontecerão entre os meses de março e abril, e contam com a participação de especialistas no tema, representantes da sociedade civil, pesquisadores, dentre outros. Não deixe de acompanhar! O acesso é pelo site https://webinar.aids.gov.br

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