Publicado em 19 out 2021
É possível retorno presencial escolar 100% para todas as escolas?
Para Hermano Castro, pneumologista e pesquisador titular da Fiocruz, “está claro que os alunos se beneficiam do aprendizado presencial e o retorno seguro ao ensino presencial é uma prioridade. A vacinação é a principal estratégia de prevenção de saúde pública para acabar com a pandemia de COVID-19 e para atingirmos a imunidade coletiva precisamos de 80% da população vacinada completamente (duas doses, dose única e dose de reforço). A promoção da vacinação pode ajudar as escolas a retornarem com segurança ao aprendizado presencial, bem como às atividades extracurriculares e aos esportes”.
Hermano lembra que devido à variante Delta circulante e altamente contagiosa, os especialistas recomendam o uso de máscara para todos os alunos (3 anos ou mais), trabalhadores da educação, professores e visitantes das escolas. “Todos acima de 12 anos devem estar vacinados. Além do uso da máscara, recomenda-se que as escolas mantenham distância física entre os estudantes dentro das salas de aula para reduzir o risco de transmissão. Quando não for possível manter o distanciamento por problemas de logística, com uma boa infra-estrutura e ventilação adequada, as escolas não devem ser totalmente reabertas 100%”.
Ele ressalta que é especialmente importante utilizar várias outras estratégias de prevenção, como por exemplo o teste de triagem. “Testes de triagem, ventilação, lavagem das mãos, etiqueta respiratória, ficar em casa quando doente e fazer o teste, rastreamento de contato em combinação com quarentena, isolamento, limpeza e desinfecção são estratégias importantes de prevenção para manter as escolas seguras”.
Hermano recomenda ainda às escolas, que estudantes, professores e trabalhadores da educação devem ficar em casa quando tiverem sinais de qualquer doença infecciosa e devem ser encaminhados ao serviço de saúde para testes e cuidados.
“Muitas escolas atendem crianças menores de 12 anos que não são elegíveis para vacinação neste momento. Portanto, com esta condição no Brasil é necessário um maior cuidado com as crianças escolares abaixo de 12 anos, com a implementação de várias estratégias de prevenção de forma consistente para protegê-los, proteger professores, trabalhadores da educação, visitantes, membros de suas famílias e com isso apoiar e garantir a aprendizagem presencial segura”, lembra.
Por fim, ele sugere que o sistema de saúde local deve monitorar a transmissão da comunidade, a cobertura vacinal, o teste de triagem e a ocorrência de surtos para orientar as decisões sobre o nível de estratégias de prevenção (por exemplo, distanciamento físico, teste de triagem, etc.). “Sou favorável a reabertura 100% presencial, mas com todas as garantias de segurança sanitária para não pôr em risco as nossas crianças, a comunidade escolar e todas as pessoas vulnerabilizadas pela pandemia COVID-19”.