SOPTERJ: Glossário F

Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Espaço Respirar

Glossário F


Fibrose actínica

Fibrose actínica é um processo cicatricial pulmonar que acontece após a radioterapia.

A radioterapia é baseada em um feixe (como um raio de luz) de radiação que penetra no tecido tumoral e queima suas células. Os médicos ajustam este feixe para que o ponto de maior intensidade seja no tumor, entretanto todo o trajeto do feixe acaba sofrendo alguma influência, mesmo que muito pequena.

O pulmão é um órgão com tecido muito sensível, e principalemente quando associado à quimioterapia, pode reagir a este efeito do feixe radioativo com um processo de cicatrização em forma de fibrose.

Este processo cicatricial aparece na radiografia e tomografia de tórax como uma área de fibrose.

Fibrose Cística

Conceito

A Fibrose Cística (FC) é uma doença genética, herdada por um gene defeituoso do pai e outro da mãe. É a doença genética letal mais comum na raça branca, mas também acomete negros, mulatos e orientais. Ela envolve todas as glândulas de secreções exócrinas: as do suor, do pâncreas, dos canais biliares do fígado, as glândulas mucosas presentes nos brônquios, canais que conduzem o ar até os pulmões. O defeito genético faz com que todas essas secreções sejam alteradas: o suor é mais salgado, o muco pulmonar é mais viscoso, as secreções do pâncreas e a bile também são mais viscosas.

Nos pulmões, a conseqüência da presença desse muco mais viscoso é que ele apresenta uma tendência a ficar retido nos pulmões e com isso se infecciona mais facilmente, geralmente por tipos específicos de bactérias. Essas infecções recorrentes vão causando lesões irreverssíveis nos pulmões. A retenção das secreções espessas nos canais pancreáticos obstrui esses canais e faz com que ocorra uma fibrose do pâncreas. Como o pâncreas é o órgão que produz e envia as enzimas digestivas para o intestino, para fazer a digestão dos alimentos, isso acaba não ocorrendo.

Sintomas

As manifestações clínicas principais da FC são então: tosse crônica, geralmente com catarro, pneumonias de repetição, chiado no peito, falta de ar, sinusite crônica, diarréia crônica, pela má digestão e má absorção dos nutrientes da dieta (várias evacuações ao dia, com fezes volumosas, gordurosas e de odor muito forte), desnutrição e suor mais salgado, muitas vezes notado quando os pais beijam a criança e às vezes pela presença de cristais de sal na pele.

Diagnóstico

O diagnóstico de FC é feito pelo quadro clínico e o Teste do Suor alterado (dosagem do sódio e cloro no suor aumentadas). A maioria dos casos são diagnosticados na infância, mas quadros muito leves podem ser diagnosticados somente na vida adulta.

Tratamento

Ainda não existe a cura da FC, mas atualmente muitos são os tratamentos disponíveis que fazem com que esses pacientes vivam mais e muito melhor que antigamente. Esse tratamento consiste em inalações diariamente, com soro fisiológico e em alguns casos com broncodilatadores, com mucolíticos (medicações que afinam o muco mais espesso) e até com antibióticos. Fisioterapia respiratória é um ponto importantíssimo do tratamento, pois ajuda a eliminar esse muco anormal dos pulmões mantendo-o mais limpo e portanto com menos infecções. Quando há piora do quadro pulmonar (aumento da tosse, do catarro, febre, etc) são prescritos antibióticos para se tomar em casa ou no hospital quando por via endovenosa.

Em relação ao problema pancreático, existem medicações a base de enzimas pancreáticas que devem ser tomadas junto a cada refeição, possibilitando assim uma boa digestão dos nutrientes da dieta, normalização das fezes, bom ganho de peso e crescimento adequado.

Nutrição é outro ponto fundamental do tratamento. A dieta desses pacientes precisa ser rica em calorias e proteínas para suprir suas necessidades de energia que são maiores que o habitual. O paciente com FC bem nutrido geralmente tem um acometimento pulmonar mais leve. Vitaminas específicas também devem ser tomadas diariamente.

Convivendo com a FC

O dia-a-dia de um paciente com FC não é fácil: tomar enzimas toda vez que se alimenta, fazer no mínimo 2 inalações ao dia, fazer fisioterapia respiratória diariamente, tomar antibióticos às vezes e fazer uso de outras medicações quando houver complicações da FC. Tudo isso deve ser conciliado na rotina normal (escola, esportes, lazer, trabalho, etc).

As medicações usadas no tratamento da FC são de alto custo, mas a maioria é fornecida através do Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais da Saúde. O paciente deve ser tratado num centro de referência de FC para poder receber as medicações por essa via.

A inteligência desses pacientes é normal e sua atividade física, incluindo a prática de esportes, deve ser incentivada.

A FC ainda é pouco conhecida no Brasil e há também sub-diagnóstico. Está sendo implantado em algumas maternidades brasileiras o “Teste do Pezinho Plus”, que inclui a FC nessa triagem neonatal. Este teste apresenta muitos resultados falso-positivos, portanto ter o teste positivo ao nascimento não significa ter FC e sim é um alerta para esta possibilidade. Todo bebê que tiver esse exame alterado terá que repetir o teste do pezinho e/ou fazer posteriormente o teste do suor para confirmar ou não esse diagnóstico. Provavelmente serão diagnosticados mais casos de FC no Brasil e o diagnóstico mais precoce trará benefícios aos pacientes, pois o início do tratamento será imediato.

No mundo todo há muitas pesquisas para se chegar à cura da FC, através de terapia genética ou terapias que usam substâncias que modulam, nas células doentes, a fabricação de proteínas normais ou pelo uso de substâncias que melhoram o transporte dos sais nas células. Talvez, em alguns anos isso já esteja disponível. Casos com doença pulmonar muito avançada podem ter indicação de transplante pulmonar, que já é feito no Brasil.

Fisioterapia Respiratória

A fisioterapia é o tratamento de doenças, utilizando agentes físicos com a finalidade de recuperar a alteração da função respiratória do paciente.

Inicialmente voltada para as doenças que apresentam limitação crônica do fluxo aéreo (asma, enfisema, bronquite crônica e bronquiectasias), atualmente é indicada em praticamente todas as doenças respiratórias, nas unidades de terapia intensiva, pré e pós-operatório e no nível ambulatorial para adultos e crianças.

Tem também uma indicação preventiva para evitar complicações respiratórias, sobretudo nos pacientes submetidos a cirurgia abdominal, ortopédica, torácica ou cardíaca.

Condutas ou técnicas usadas na fisioterapia respiratória:

• Exercícios respiratórios: atividades visando a obtenção de um condicionamento muscular, principalmente do diafragma, que permita realizar uma respiração adequada.
• Drenagem postural pulmonar: colocando o paciente em posições apropriadas é facilitado o escoamento das secreções respiratórias em direção à traquéia, para serem eliminadas com a tosse ou mediante aspiração com aparelhos.
• Inaloterapia: água e substâncias medicamentosas sob a forma de finas partículas suspensas em ar ou oxigênio são administrados diretamente pela via respiratória, para o tratamento de diversas doenças.
• Tapotagem: aplicação sistemática de percussão manual ou eletromecânica na superfície do tórax com a finalidade de descolar o muco da parede dos brônquios e facilitar sua eliminação.
• Ginástica respiratória: destina-se a melhorar as condições funcionais do sistema respiratório, tanto no aspecto físico, como psíquico e social.

Fístula traqueoesofágica

A fístula traqueoesofágica é uma comunicação anormal entre a traquéia (sistema respiratório) e o esôfago (sistema digestivo).

Na presença desta mal formação, há entrada de saliva e alimentos no sitema respiratório, em quantidade variável, dependendo do tamanho da fístula.

Pode ser uma das causas das infecções respiratórias repetidas.

É preciso fazer a correção cirúrgia para evitar complicações pulmonares.

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