Correlação entre as políticas universais de vacinação pelo BCG e redução na morbimortalidade pelo COVID-19: Um estudo epidemiológico

Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Profissionais de Saúde

Publicado em 11 abr 2020

Correlação entre as políticas universais de vacinação pelo BCG e redução na morbimortalidade pelo COVID-19: Um estudo epidemiológico


Título do Estudo


Correlação entre as políticas universais de vacinação pelo BCG e redução na morbimortalidade pelo COVID-19: Um estudo epidemiológico

 

Fonte


Departamento de ciências biomédicas do instituto de tecnologia de NY, Old Westbury, New York, USA.

 

Desenho do Estudo


Grande levantamento epidemiológico através do atlas mundial do BCG (um banco de dados da política de vacinação pelo BCG no mundo) e as datas de implementação dessas políticas nos mais variáveis países.

Esses dados foram comparados com o número de casos e de mortes pelo COVID-19 nos países estudados.

 

Mensagem do Estudo


O estudo propõe explicar por que diferenças na morbimortalidade pelo COVID-19 em diferentes países, tendo como base a política de vacinação pelo BCG.

Assim o Japão e a China têm uma conduta de vacinar os neonatos, enquanto outros países como Espanha, França e Suíça que descontinuaram suas vacinações universais e países como USA, Itália, Holanda e Bélgica, onde essa determinação política ainda não foi implementada.

Muitas vacinas incluindo o BCG mostraram produzir efeitos imune positivos não específicos levando a respostas contra outros patógenos não microbacterianos. A vacinação pelo BCG aumenta a secreção de citocinas pro inflamatórias (IL -1B) que possui um papel importante na imunidade antiviral.

Foram incluídos no estudo países de mais de um milhão de habitantes que nunca seguiram vacinação em massa pelo BCG. Os países foram classificados também por sua renda per capita em 2018 usando dados do Banco Mundial, uma vez que fatores econômicos sociais influenciam na morbimortalidade em epidemias.

Muitos dos países com renda per capita baixa reportaram mortalidade zero atribuída ao COVID-19 e tinham políticas de vacinação em massa pelo BCG, entretanto isto pode se dever a subnotificação e por isso foram excluídos da análise.

Países com a renda per capita média e alta que possuem política de vacinação por BCG (55 Países) tinham 0,78 + 0,40 mortes por milhão de habitantes, devidas ao COVID-19, comparados com países semelhantes quanto a renda mas que não vacinava a sua população (5 Países), tinham uma taxa de mortalidade muito elevada: 16,39 +/- 7,33 mortes por milhão de habitantes, um diferença estatística altamente significativa.

Foram analisados os dados de 28 Países onde se conhecia o ano de início da política de vacinação em massa pelo BCG.

Houve uma correlação linear positiva, significativa, entre o ano de início da vacinação e a taxa de mortalidade, consistente com a ideia de que tão mais cedo acontecia essa vacinação a população idosa onde a mortalidade é mais alta, permanecia parcialmente protegida.

O Brasil iniciou sua vacinação pelo BCG em 1920 talvez isso explica uma taxa de mortalidade baixa comparada a outros países Europeu e USA.

Países que abdicaram da política de vacinação em razão da baixa incidência de tuberculose tiveram diferentes impactos sobre a mortalidade por COVID-19. Embora a vacinação iniciada em anos mais precoce, poupe em certa medida a população idosa, não houve diminuição do número de casos, sugerindo que o BCG não é protetor da infecção pelo COVID-19.

 

Limitações do Estudo


1 – Analise bioestatísticas populacionais com política de saúde variadas e sem uma metodologia rigorosa de pesquisa são sujeitas a vieses de interpretação muito frequentes.

2 – Sabidamente o BCG tem sido responsável por respostas imunológicas em situações de infecção por outros vírus, restam estudos que comprove uma ação específica sobre o COVID -19.

3 – Estudos Randomizados e controlados são necessários para determinar em quanto tempo após vacinação, se desenvolve uma resposta imunoprotetora contra o COVID-19. Talvez após isso fosse possível recomendar a vacinação em outras faixas etárias.

4 – Determinar também quais cepas de BCG seriam as mais adequadas na obtenção dessas respostas.

 

Dr. Luiz Carlos Sell

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