Publicado em 7 nov 2020
Continuous positive airway pressure versus standard care for the treatment of people with mild obstructive sleep apnoea (MERGE): a multicentre, randomised controlled trial
Título do Estudo
Continuous positive airway pressure versus standard care for the treatment of people with mild obstructive sleep apnoea (MERGE): a multicentre, randomised controlled trial
Fonte
Lancet Respir Med 2020 Apr;8(4):349-358.
doi: 10.1016/S2213-2600(19)30402-3. Epub 2019 Dec 2..
Desenho do Estudo
Estudo multicêntrico (11 centros de sono do Reino Unido), randomizado, comparando o efeito do uso por 3 meses de CPAP ou somente terapia de suporte em parâmetros de qualidade de vida (principalmente questionário SF-36), em pacientes exclusivamente com apneia obstrutiva do sono (AOS) leve (IAH entre 5 e 15 /h). Também foram aplicados questionários de sonolência (Epworth), fadiga (FSS), depressão e ansiedade (HADS) e o questionário FOSQ. De 301 pacientes randomizados 233 tinham AOS leve, 209 (90%) completaram o estudo. A polissonografia realizada foi o tipo 3, e o tratamento oferecido foi com CPAP automático (APAP). Foram excluídos pacientes com obesidade grau III (IMC > 40 kg/m2), pacientes com pontuação da escala de sonolência de Epworth > 15 (sonolência excessiva diurna) e que não toleraram teste com APAP por mais de 1 hora. Os braços randomizados foram semelhantes em relação a características demográficas e clínicas basais.
Aos pacientes no grupo de tratamento de suporte era realizada consulta de orientação sobre hábitos de sono e orientações gerais de saúde, e era feito contato telefônico após 3 dias para revisar as orientações recebidas. O grupo CPAP recebiam as mesmas orientações e contato, mas também tinham monitorização remota do APAP e ajustes eram realizados ou novo contato era feito se verificados problemas ou não aderência.
Resultados e Mensagens
Após 3 meses de tratamento com pressão positiva, o “escore de vitalidade” do questionário SF-36 aumentou em média 9,2 pontos (IC 95% 6,8 – 11,6) , em comparação a redução de 0,8 pontos (IC 95% -1,5 a 1,5) no grupo sem CPAP. A melhora neste parâmetro de qualidade de vida foi acompanhada também em redução das pontuações das escalas de sonolência, fadiga e depressão. Ao final dos 3 meses do estudo, 81% dos pacientes desejaram continuar o uso do CPAP.
Este estudo demonstra que pode haver benefício mensurável em mensurações de qualidade de vida nos pacientes tratados com CPAP, mesmo com AOS leve.
Limitações do Estudo
O estudo não foi cego e não foi oferecido “sham-CPAP” no grupo controle.
O tipo de poligrafia (tipo 3) usado pode ter subestimado o IAH, e alguns pacientes tratados poderiam ter AOS moderada ao invés de leve, os quais são esperados te sentirem maior benefício no tratamento.
O estudo foi apoiado pela Resmed, fabricante dos equipamentos de diagnóstico e tratamento usados no estudo, o que pode introduzir viés. Porém a análise estatística foi conduzida por estatísticos não vinculados à Resmed.
Dr. Fernando Azevedo
