Inhaled budesonide in the treatment of early COVID-19 (STOIC): a phase 2, open-label, randomised controlled trial

Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Profissionais de Saúde

Publicado em 15 maio 2021

Inhaled budesonide in the treatment of early COVID-19 (STOIC): a phase 2, open-label, randomised controlled trial


Título do Estudo


Inhaled budesonide in the treatment of early COVID-19 (STOIC): a phase 2, open-label, randomised controlled trial

 

Fonte


www.thelancet.com/respiratory – Published online April 9, 2021 https://doi.org/10.1016/S2213-2600(21)00160-0

 

Introdução


A pandemia COVID-19 é a pandemia mais grave que aconteceu em mais de 100 anos. O início da COVID-19 é geralmente leve, fornecendo um janela potencial para a intervenção antes do desenvolvimento da doença grave.

Até o momento há pouco conhecimento sobre alvos terapêuticos que atuem no início da doença e evitem a progressão e a deterioração clínica.

Em relatórios anteriores da China, Itália e EUA, descrevendo pacientes com COVID-19 internados em hospital, pacientes com asma e obstrução pulmonar crônica (DPOC) foram significativamente sub-representados. Esta sub-representação pode ter sido devida ao uso generalizado de glicocorticoides inalatórios nestes pacientes.

Estudos in vitro têm mostrado que os glicocorticóides inalados reduzem a replicação de SARS-CoV-2 em células epiteliais das vias aéreas, além da regulação negativa da expressão de genes ACE2 e TMPRSS2, que são essenciais para a entrada na célula viral.

Esse estudo apresenta a análise dos esteróides em Ensaio COVID-19 (STOIC), um ensaio de fase 2 projetado para avaliar a eficácia de um glucocorticóide inalatório (budesonida) amplamente utilizado em indivíduos com COVID-19 na comunidade.

 

Métodos


Estudo randomizado, aberto, grupo paralelo, ensaio clínico de fase 2, feito na comunidade em Oxfordshire, Reino Unido.

Adultos com mais de 18 anos com sintomas de COVID-19 em até 7 dias (início de tosse e febre ou anosmia, ou ambos) eram elegíveis para inclusão.

Os critérios de exclusão foram o uso recente (até 7 dias) de glicocorticóides inalados ou sistêmicos ou alergia conhecida ou contra-indicação para budesonida inalada.

Os participantes que atenderam aos critérios de inclusão foram aleatoriamente distribuídos para aos cuidados habituais ou para intervenção com budesonida seca via inalador de pó (Pulmicort Turbuhaler, AstraZeneca, Gotemburgo, Suécia) a uma dose de 400 µg por dose (duas inalações duas vezes ao dia; dose total 1600 µg).

De 16 de julho a 9 de dezembro de 2020, 167 participantes foram recrutados e avaliados quanto à elegibilidade. 21 não atenderam aos critérios de elegibilidade  e foram excluídos. 146 participantes foram aleatoriamente distribuídos — 73 para cuidados habituais e 73 para budesonida. 139 participantes foram incluídos na análise por protocolo, com 70 participantes no grupo budesonida e 69 participantes no grupo de cuidados habituais.

O desfecho primário foi definido como necessidade de atendimento de urgência ou hospitalização.

Os desfechos secundários foram a recuperação clínica;  sintomas virais  de resfriado comum medidos pelo Questionário (CCQ) e o questionário InFLUenza Patient Reported Outcome (FLUPro);  saturações de oxigénio no sangue e temperatura corporal; e carga viral de SARS-CoV-2.

 

Resultados


O estudo mostrou que o glicocorticóide inalado budesonida, administrado por um curto período, pode ser um tratamento precoce eficaz para COVID-19 em adultos.

Houve uma redução relativa de 91% da deterioração do quadro clínico, equivalente à eficácia observada após o uso de vacinas e maior do que o relatado em quaisquer tratamentos usados ​​em pacientes hospitalizados e pacientes com COVID-19 grave.

A budesonida inalada também mostrou benefícios nos desfechos secundários, com resolução mais rápida   dos sintomas em pacientes tratados com budesonida.

A febre tem mostrado ser um marcador de mau prognóstico na COVID-19 grave.

O efeito positivo na temperatura quando usado para tratar COVID-19 na fase inicial é mais uma evidência de que a budesonida pode modificar o processo da doença.

O estudo examinou o efeito sobre os títulos virais como um desfecho secundário e não mostrou diferença entre os grupos de intervenção.

 

Limitação do Estudo


Primeiro, este foi um estudo aberto, feito por conveniência, onde não era prático, no início do estudo, um grupo controle com placebo.

Em segundo lugar, o estudo foi interrompido precocemente devido ao impacto das medidas de controle nacional da pandemia com um segundo bloqueio nacional e regras de priorização para ensaios clínicos, o que impediu o recrutamento fora da região local

Em terceiro lugar, o estudo não atingiu o tamanho amostral previsto.

 

Conclusão


A budesonida, um glicocorticóide inalado, parece ser eficaz para o tratamento inicial da COVID-19, que poderia ser aplicável nos sistemas de saúde globais. Essas descobertas requerem validação urgente e disseminação, especialmente no contexto de um tratamento oferecido no início do quadro clínico, que está amplamente disponível e é relativamente seguro.

 

Dr Eucir Rabello

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