Publicado em 25 abr 2025
Antidiabetic Medication and Asthma Attacks
Título do Estudo
Antidiabetic Medication and Asthma Attacks
Fonte
JAMA Intern Med. 2025 Jan 1;185(1):16-25. doi: 10.1001/jamainternmed.2024.5982. PMID: 39556360; PMCID: PMC11574725
Introdução
Um em cada três adultos com asma são obesos, e destes, quase a metade são portadores de diabetes mellitus do tipo 2 (DM2).Essas comorbidades, além de prevalentes, estão associados a maior prevalência de descompensações da asma. A metformina é o tratamento de primeira linha para DM2. Em modelos experimentais, medicações antidiabéticas como metformina e análogos da GLP1 foram capazes de reduzir a inflamação, da hiperresponsividades e do remodelamento das vias aéreas, porém há poucos estudos epidemiológicos para confirmar essa relação.
Objetivo e Método
O objetivo do artigo é avaliar o efeito da metformina nas crises de asma, e se esse efeito está relacionado aos fenótipos metabólicos da asma. Além disso, o estudo também se propôs a avaliar a ação sinérgica da metformina com outros antidiabéticos.
Os autores analisaram dados (internações hospitalares e mortalidade) de mais de dois milhões de pacientes com diabetes tipo 2 e asma do UK Clinical Practice Research Data link atendidos entre 2004 e 2020.
Os critérios de inclusão eram pacientes adultos (>17 anos) com diagnóstico de asma. Os critérios de exclusão incluíam o diagnóstico de diabetes mellitus do tipo 1, doença pulmonar obstrutiva crônica ou doença renal crônica.
Para deixar o estudo mais robusto, foi utilizado uma abordagem de triangulação (2 desenhos diferentes, cada um com vieses diferentes): uma série de casos auto-cotrolada(cada paciente é seu próprio controle – pacientes avaliados por 12 meses antes do inicio da metformina e por 12 meses após) e uma coorte com os novos usuários de metformina. Para avaliar a associação entre fenótipos metabólicos (IMC, controle glicêmico) e os fenótipos de asma, análises de interação foram realizadas. Análise de controle negativas foram utilizadas para avaliar viés.
O desfecho primário foi o tempo até a primeira exacerbação da asma. Foi considerado com exacerbação uso de corticoide oral, atendimento em emergência devido a sintomas de asma, internação hospitalar por asma ou óbito durante um período de followup de 12 meses.
Dos pacientes analisados, 4278 foram selecionados para a série de casos (2617 mulheres, com média de idade de 52,9 anos) e 8424 pacientes foram selecionados para a coorte (4690 mulheres, com média de idade de 61,6 anos dos não expostos e de 59,7 dos expostos). Em ambos os braços do estudo, a metformina esteve associada com menos crises de asma, de gravidade semelhante. A análise de controle negativa não identificou nenhum viés significativo. Hemoglobina glicada, IMC, número de eosinófilos no sangue periférico e gravidade da asma não influenciaram essa associação. O único antidiabético oral que teve efeito sinérgico a metformina foram os análogos da GLP1.
Resultados
Os resultados da coorte sugerem que o uso de metformina está associado a menor incidência de exacerbações da asma, com uma redução ainda maior com o uso associado dos análogos da GLP1. A princípio, essa redução parece estar associada a outros mecanismos que não apenas o melhor controle glicêmico ou a perda de peso, independente do fenótipo da asma.
Limitações
As limitações desse estudo incluem ele ser um estudo observacional, que não avaliou a aderência dos pacientes aos tratamentos instituídos e que não avaliou o efeito da perda ponderal como fator confundidor.
Dra. Carolina Wilbert Baisch – médica pneumologista formada no Instituto de Doenças do Tórax da Universidade Federal do Rio de Janeiro