Accuracy of Cytologic vs Histologic Specimens for Assessment of Programmed Cell Death Ligand-1 Expression in Non-Small Cell Lung Cancer A Systematic Review and Meta-Analysis

Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Profissionais de Saúde

Publicado em 19 maio 2024

Accuracy of Cytologic vs Histologic Specimens for Assessment of Programmed Cell Death Ligand-1 Expression in Non-Small Cell Lung Cancer A Systematic Review and Meta-Analysis


Título do Estudo


Accuracy of Cytologic vs Histologic Specimens for Assessment of Programmed Cell Death Ligand-1 Expression in Non-Small Cell Lung Cancer A Systematic Review and Meta-Analysis

 

Fonte


CHEST 2024; 165(2):461-474

 

Introdução


A expressão de ProgrammedCell Death Ligand-1 (PDL-1) em células tumorais, avaliada por imuno-histoquímica, orienta o uso da imunoterapia em câncer de pulmão não pequenas células nos estágios avançados. (CPNPC).

 

Pergunta de Pesquisa


Qual é a sensibilidade e especificidade do teste PD-L1 realizado emamostras citológicas versus amostras histológicas pareadas em pacientes com CPNPC?

 

Desenho do Estudo e Métodos


As bases de dados MEDLINE, Embase, Web of Science e Cochrane Library foram pesquisadas até 1º de junho de 2021. O desfecho primário foi sensibilidade combinada e especificidade do teste PD-L1 realizado em amostras citológicas em comparação com a referência padrão de amostras histológicas, analisadas nos pontos de corte de expressão PD-L1 (pontuação da proporção do tumor) ≥ 1% e ≥ 50%. A sensibilidade e especificidade combinadas, e associadas a IC95%, foram estimados usando modelos mistos lineares generalizados bivariados.

 

Resultados


Foram incluídos 26 artigos, abrangendo um total de 1.064 pares deamostras histológicas e emblocadocelular de citologias e 267 pares de amostras histológicas e esfregaços diretos. Entre estes, 946 espécimes pareados foram adquiridos sem tratamento de intervalo entre as coletas de amostras histológicas e citológicas. A sensibilidade e especificidade combinadas das amostras citológicas comparadas com amostras histológicas pareadas no ponto de corte da expressão PD-L1 ≥ 1% foram 0,84 (IC 95%, 0,77-0,89) e 0,88 (IC 95%, 0,82-0,93), respectivamente, enquanto a sensibilidade e especificidade combinadas no ponto de corte ≥ 50% foram 0,78 (IC 95%, 0,69-0,86) e 0,94 (IC 95%, 0,91-0,96), respectivamente. Quando apenas amostras pareadas adquiridas sem intervalo foram consideradas, a sensibilidade e a especificidade combinadas das amostras citológicas no ponto de corte de expressão de PDL1 ≥ 1% foram 0,84 (IC 95%, 0,76-0,90) e 0,89 (IC 95%, 0,82-0,94), respectivamente, enquanto a sensibilidade e a especificidade combinadas no ponto de corte de ≥ 50% foram de 0,80 (IC 95%, 0,71-0,89) e 0,94 (IC 95%, 0,91-0,96), respectivamente.

 

Conclusão


As amostras citológicas fornecem uma avaliação precisa da expressão de PD-L1 na maioria dos pacientes com CPNPC, com pontos de corte de ≥1% e ≥50%, quando comparados com espécimes histológicas.

 

Limitações e Mensagens do Artigo


A incorporação da Imunoterapia no tratamento do câncer de pulmão, sobretudo no subtipo não-pequenas células, revolucionou o cenário da oncologia torácica com importante incremento nos desfechos clínicos dos pacientes, com dados inicialmente no cenário de doença metastática e nos últimos anos sendo empregada também nos cenários de doença inicial (tratamento adjuvante, neoadjuvante e perioperatório).

O avanço no entendimento do papel do sistema imune na erradicação de células neoplásicas, bem como da capacidade de evasão celular e geração de um microambiente imunossupressor por essas células malignas, permitiu o desenvolvimento de novas tecnologias medicamentosas, tendo como sua primeira classe os agentes anti-PD-1/PD-L1.

Agindo como inibidores de tal eixo ligante-receptor, tais drogas permitem a ação citotóxica das células T sobre as células cancerígenas. Entretanto, as taxas de resposta a tais tratamentos variam para cada tipo de doença e paciente em decorrência de fatores intrínsecos ao sistema imune do paciente e principalmente a fatores próprios da complexa biologia tumoral, tais como subtipo histológico, microambiente tumoral, vias de supressão imune ativas, mecanismos de resistência inatos e adquiridos, entre outros.

De tal forma que a busca pela melhor forma de predição de resposta a Imunoterapia segue como importante pauta científica, permanecendo hoje a determinação de expressão de PD-L1 e seu nível através de Imunohistoquímica (por diferentes metodologias) como o principal biomarcador.

O estudo acima fornece relevantes dados acerca de um diário desafio da prática clínica: a amostragem tumoral. Trazidos dados de mundo real de que cerca de 30% a 40% dos pacientes com CPNPC metastático são diagnosticados e/ou estadiados com espécimes citológicos e de que a vasta maioria dos estudos pivotais que avaliaram o emprego da Imunoterapia se basearam em análises histológicas, configura-se claro obstáculo a determinação da expressão de PD-L1 em amostra tumoral com acurácia e validação à luz dos achados na literatura médica .

Com inclusão de 26 artigos, foram avaliadas especificidade e sensibilidade de 946 espécimes pareados (amostragem histológica e citológica – emblocado celular de citologias ou esfregaços diretos) nos pontos de corte de expressão PD-L1 ≥ 1% e ≥ 50% com resultados que corroboram a hipótese de que as amostras citológicas fornecem uma avaliação precisa da expressão de PD-L1 na maioria dos pacientes com CPNPC (importante destacar de que a maioria das amostragens citológicas avaliadas foram por emblocado celular).

No planejamento terapêutico do tratamento com CPNPC doença avançada, torna-se fundamental a definição de subtipo histológico e, uma vez determinada histologia, indica-se a testagem genético-molecular mais adequada, o que por muitas vezes irá requerer amostra tecidual para que sejam performadas testagens, tais como por NGS (Next-generation sequencing). Numa realidade onde a preservação do material genético tumoral em amostra é de grande importância para definição do tratamento do paciente, a perspectiva de podermos realizar avaliações de expressão de PD-L1 em outras amostragens (citológicas) que não prejudiquem a qualidade do tecido obtido por biópsia nos garante maior rapidez e eficácia em determinar e obter todos os fatores que devem ser ponderados para o melhor e mais adequado tratamento.

Além disso, a expressão de PD-L1, que até alguns anos poderia ser vista como informação puramente preditora de resposta, também passa a ser ferramenta prognóstica e determinante para discussão de protocolos intensificados de tratamento (tais como utilização de duplo bloqueio de imunoterapia com associação de agente anti-PD-1/PD-L1 e agente anti-CTLA4), além de dado para estratificação de risco do paciente (com surgimento de proposta de classificação de pacientes “Hard-to-treat”).

Concluindo, o estudo traz a tona uma importante discussão na propedêutica dessa população de pacientes com resultados que corroboram a amostragem citológica como uma possibilidade viável e eficaz, de forma alguma excludente a amostragem histológica (a depender do subtipo de doença), mas sim complementar na maioria dos casos, na determinação de expressão do biomarcador PD-L1.

 

Dr Renato Abelha é médico pneumologista do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle-Unirio
Dr Victor Gondim é médico oncolista na Oncologia Americas e pesquisador do Instituto Americas de pesquisa e ensino.

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