Publicado em 16 jul 2022
Active pulmonary tuberculosis and coronavirus disease 2019: A systematic review and meta-analysis
Título do Estudo
Active pulmonary tuberculosis and coronavirus disease 2019: A systematic review and meta-analysis
Fonte
PLoS One. 2021 Oct 21;16(10):e0259006. doi: 10.1371/journal.pone.0259006. eCollection 2021.
Desenho do Estudo
Artigo de revisão sistemática e metanálise onde consultaram os bancos de dados PubMed e Embase para estudos que fornecessem dados sobre (1) a proporção de pacientes com COVID-19 e tuberculose pulmonar ativa ou (2) doença grave, hospitalização ou mortalidade entre pacientes com COVID-19 com e sem tuberculose pulmonar ativa. Calcularam a proporção de pacientes com tuberculose e o risco relativo (RR) para cada desfecho descrito.
Identificaram 3375 publicações a partir da pesquisa bibliográfica nas bases eletrônicas e 43 estudos foram selecionados para a síntese de dados, envolvendo 236.863 pacientes com COVID-19.
Objetivos
Esta revisão sistemática tem como objetivo avaliar se a tuberculose pulmonar piora os desfechos clínicos (doença grave, hospitalização ou mortalidade) em pacientes com COVID-19.
Mensagem
A estimativa de proporção de pacientes com tuberculose pulmonar ativa entre os pacientes com COVID-19 de todos os 43 estudos foi de 1,07% (IC 95% 0,81%-1,36%).
Os pacientes com COVID-19 que também tiveram tuberculose foram 1,46 (IC 95% 1,05–2,02) vezes mais propensos a desenvolver COVID-19 grave em comparação com pacientes com COVID-19 sem tuberculose.
Os pacientes com COVID-19 que também tiveram tuberculose foram 1,86 (IC 95% 0,91–3,81) vezes mais propensos a precisar de hospitalização em comparação com pacientes com COVID-19 sem tuberculose. Isso apontou para a ausência de qualquer risco estatisticamente significativo de hospitalização entre os pacientes com COVID-19 e tuberculose.
Pacientes com COVID-19 e tuberculose tiveram 1,93 (IC 95% 1,56–2,39) vezes mais chances de morrer em comparação com pacientes com COVID-19 sem tuberculose.
O estudo demonstrou que 0,99% dos pacientes com COVID-19 tinham tuberculose pulmonar ativa. Esses pacientes apresentaram maior risco de mortalidade, mas não de doença grave ou hospitalização, do que os pacientes com COVID-19 sem tuberculose.
Nesse estudo a síntese de dados incluem um número muito maior de estudos do que meta-análises anteriores e fornece informações sobre a frequência da tuberculose e estimativas de resultados da COVID-19.
A proporção resumida de pessoas com tuberculose pulmonar ativa entre os pacientes com COVID-19 parece ser maior do que as estimativas recentes da OMS para incidência anual de tuberculose em alguns dos países com alta carga de tuberculose onde a maioria dos estudos foi realizada.
Não ficou definido se a proporção mais baixa de tuberculose se deve à subnotificação ou ao não reconhecimento de tuberculose ativa entre os pacientes com COVID-19. No entanto, quando pacientes com tuberculose pulmonar ativa adquirem COVID-19, há um risco significativamente maior (cerca de duas vezes maior) de mortalidade por COVID-19. Nesse estudo a estimativa resumida para o risco relativo de mortalidade em pacientes com COVID-19 associada a tuberculose é muito semelhante às estimativas de risco relativo de mortalidade para pacientes com COVID-19 com outras comorbidades (como diabetes, hipertensão ou doenças cardiovasculares).
Limitações
Devido a condições relacionadas a pandemia e ao atraso entre a coleta de dados e a publicação dos resultados, a maioria dos estudos fornece informações dos meses iniciais de 2020 e de regiões que foram severamente atingidas. Assim, os números podem não representar verdadeiramente os dados de pacientes de todas as localizações geográficas.
Além disso, a maioria dos estudos incluídos teve um desenho retrospetivo e reuniu dados de registros médicos que provavelmente foram preenchidos em um sistema de saúde sobrecarregado. Isso poderia ter resultado tanto em subnotificação quanto em classificação equivocada das condições clínicas dos pacientes.
Vários estudos relataram apenas pacientes internados que têm maior probabilidade de resultados adversos em comparação com pacientes a nível ambulatorial.
Apenas 15,6% dos estudos incluídos eram de qualidade suficientemente alta.
Não pôde ser descartado uma superestimação por falta de ajuste para possíveis fatores de confusão (como idade, status de HIV, outras comorbidades ou outras características do paciente), pois utilizadas apenas análises univariadas.
Apenas um estudo sul-africano relatou dados de frequência de tuberculose e parâmetros de resultados estratificados por status de HIV, e há necessidade de reunir mais informações sobre o impacto do HIV nas associações de COVID-19 e tuberculose.
Conclusão
Em resumo, as evidências disponíveis sugerem que pacientes com COVID-19 apresentam um risco relativamente maior de associação com tuberculose pulmonar ativa. A tuberculose pulmonar ativa aumenta significativamente o risco de COVID-19 grave e também da mortalidade por COVID-19.
Dra Márcia Freire