Adherence to CPAP Treatment and the Risk of Recurrent Cardiovascular Events: A Meta-Analysis

Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Profissionais de Saúde

Publicado em 26 maio 2024

Adherence to CPAP Treatment and the Risk of Recurrent Cardiovascular Events: A Meta-Analysis


Título do Estudo


Adherence to CPAP Treatment and the Risk of Recurrent Cardiovascular Events: A Meta-Analysis

 

Fonte


JAMA. 2023 Oct 3;330(13):1255-1265. DOI: 10.1001/jama.2023.17465.

 

Introdução


A síndrome da apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio prevalente e associado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares. O tratamento com pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) é o padrão-ouro para casos moderados e graves de AOS, demonstrando reversão de sintomas consequentes à doença, principalmente sonolência diurna excessiva (SDE). Ensaios clínicos randomizados (ECRs) e metanálises vêm mostrando o efeito positivo do CPAP na redução significativa da pressão arterial, mas o mesmo ainda não foi comprovado na prevenção secundária de eventos cardiovasculares. Três grandes ECRs estudaram o impacto do CPAP na prevenção de eventos cardiovasculares secundários em apneicos não sonolentos e encontraram desfecho negativo. A maior crítica a esses estudos foi a baixa adesão dos pacientes ao tratamento. A hipótese do presente estudo foi o impacto positivo do CPAP na redução do risco cardiovascular em pacientes com adesão adequada e sustentada.

 

Métodos


Foi realizada revisão sistemática de intervenções e metanálise seguindo as recomendações atuais da declaração PRISMA-IPD.

Foram incluídas publicações com os seguintes critérios: (i) Diagnóstico, classificação de gravidade e indicação de tratamento da AOS de acordo com as recomendações atuais da Academia Americana de Medicina do Sono (AAMS); (ii) Diagnóstico de AOS através de polissonografia tipo 1 ou teste domiciliar; (iii) Pacientes adultos (≥18 anos); (iv) Índice de Apneia e Hipopneia (IAH) > 15/hora ou Índice de dessaturação da oxi-hemoglobina (IDO) > 12/hora; (v) Tratamento com CPAP por seis ou mais meses; (vi) Grupo controle: sham CPAP ou manejo clínico ótimo.

O desfecho primário foi avaliar a recorrência de evento cardíaco ou cerebrovascular adverso maior (ECCAM) em pacientes apneicos tratados adequadamente com CPAP.

 

Resultados


Foram incluídos 4186 pacientes provenientes de três ECRs: SAVE (Sleep Apnea Cardiovascular Endpoints), ISAACC (Impact of Sleep Apnea Syndrome in the Evolution of Acute Coronary Syndrome) e RICCADSA (Randomized Intervention with CPAP in Coronary Artery Disease and Sleep Apnea). Metade dos pacientes (50,1%) havia sido randomizada para tratamento com CPAP e a outra metade (49,9%) para grupo controle. O tempo médio de acompanhamento foi de 39 meses. Entre os 4186 pacientes randomizados, foram observados 691 ECCAMs (16,5%), 349 no grupo CPAP e 342 no grupo não CPAP. A adesão média global ao CPAP foi de apenas 3,03 h/dia. Somente 38,5% dos pacientes tratados com CPAP tiveram boa adesão (média de uso ≥ 4 h/dia).

Foi realizada, no presente estudo, uma análise de ponderação de probabilidade inversa para avaliar o efeito da boa adesão ao CPAP. Os resultados desta análise sugerem que a adesão adequada ao CPAP (média de uso ≥ 4h/dia) está associada a um risco significativamente reduzido de recorrência cardiovascular. (HR, 0,55 [IC 95%, 0,36-0,84]; P = 0,005).

 

Conclusões


O tratamento com CPAP reduz o risco de recorrência de ECCAMs em pacientes com AOS, sendo a adesão adequada o fator-chave para este desfecho positivo.

 

Limitações


O estudo incluiu um menor número de mulheres, entre as quais a AOS foi recentemente associada a um aumento do risco de recorrência cardiovascular.

Os pacientes apneicos incluídos nestes ECRs foram diagnosticados principalmente através de testes domiciliares, portanto este estudo pode não ser diretamente aplicável a pacientes submetidos à polissonografia tipo 1.

 

Mensagens do Artigo


Os participantes dos estudos SAVE, ISAACC e RICCADSA foram recrutados em clínicas de doenças cardíacas e neurológicas (AVC), não apresentavam sonolência diurna excessiva e tinham mínimo conhecimento sobre os distúrbios respiratórios do sono e suas consequências, o que justifica a baixa adesão ao CPAP. Esses três importantes ECRs divulgaram resultados sem considerar a importância da adesão no desfecho de um tratamento. O presente estudo retifica esta mensagem ao demonstrar a redução significativa de ECCAMs em pacientes apneicos com adesão adequada ao CPAP.

 

Fernanda Oliveira Chibante é pneumologista, médica do Setor de Distúrbios Respiratórios do Sono da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

 

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