Publicado em 11 set 2021
Association Between Anticoagulation and Survival in Interstitial Lung Disease – An Analysis of the Pulmonary Fibrosis Foundation Patient Registry
Título do Estudo
Association Between Anticoagulation and Survival in Interstitial Lung Disease – An Analysis of the Pulmonary Fibrosis Foundation Patient Registry
Fonte
Chest 2021; 159(4):1507-16 – Christopher S. King, MD; Elizabeth Freiheit, PhD; A. Whitney Brown, MD; Oksana A. Shlobin, MD; Shambhu Aryal, MD; Kareem Ahmad, MD; Vikramjit Khangoora, MD; Kevin R. Flaherty, MD; Drew Venuto, BS; and Steven D. Nathan, MD.
Introdução
Existem evidências que alterações no sistema da coagulação sanguínea estão implicadas no processo de desenvolvimento da doença fibrosante intersticial pulmonar. Isso levou a tentativa do uso de anticoagulantes como potencial tratamento das mesmas, contudo, estudos realizados com antagonistas da vitamina K (AVK) no tratamento de fibrose pulmonar idiopática foram precocemente encerrados por conta de elevação na taxa de mortalidade. Uma das consequências foi a proposição de que tal efeito seria associado especificamente com os AVK, o que poderia não ser compartilhado pelos anticoagulantes orais de ação direta (AAD).
O objetivo do estudo que apresentaremos era identificar as relações entre diferentes formas de anticoagulação e desfechos em pacientes com doença fibrosante pulmonar, através da análise de dados da Pulmonary Fibrosis Foundation Patient Registry dos Estados Unidos da América.
Desenho do Estudo
Foram analisados os dados de todos os pacientes incluídos no registro da Pulmonary Fibrosis Foundation Patient Registry dos Estados Unidos da América, sendo esses estratificados em três grupos distintos: Pacientes que não recebiam nenhum tipo de anticoagulante, que recebiam AAD e os que recebiam AVK sendo sua sobrevida analisada por meio de curvas de Kaplan-Meier e modelos de riscos proporcionais de Cox.
Análise dos Resultados
Foram incluídos no total 1911pacientes, sendo que desses 174 (9.1%) fazia uso de anticoagulantes, 93 (4.9%) recebiam AAD e 81 (4,2%) recebiam AVK.
A sobrevida livre de transplante foi significativamente menor em pacientes tratados com anticoagulantes em comparação com os que não os receberam (HR 2,39; IC 95% 1,472-3,881), mas após o ajuste para covariáveis como idade, porcentagem prevista de capacidade de difusão de monóxido de carbono, sexo ou presença de comorbidades, a associação entre o uso de anticoagulantes e mortalidade tenha perdido significância (HRa 1,78; IC95% 0,998 – 3,163).
As análises por tipo de anticoagulante associaram os AVK (HR 2.752; IC95% 1.471 – 5.147) e AAD (HR 2.058; IC95% 1.037 – 4.084) com risco aumentado de morte ou transplante mas, após o ajuste para fatores confundidores os AAD não se associaram a risco aumentado de mortalidade (HR 1,510; IC de 95% 0,709 – 3,215), enquanto o risco de mortalidade permaneceu duas vezes maior com o uso AVK (HRa 2,101; IC de 95% 1,025 – 4.307). Comparando AVK com AADs, não foram observadas diferenças significativas na sobrevida livre de transplante entre eles (HR 1,338; p: 0,5177; HRa 1,392; p: 0,4784).
Limitações do Estudo
Este estudo apresenta importante número de limitações como a própria natureza do design do mesmo, possibilidades de casualidades em relação aos efeitos colaterais diretos associados aos AVK, mas de qualquer forma representa a maior coorte de dados relatando um comparativo de três diferentes grupos em relação ao uso de anticoagulação em doença intersticial fibrosante pulmonar. O número de eventos foi registrados durante o estudo foi relativamente pequeno e o tempo de seguimento limitado. O número de pacientes em uso de AAD por ser baixo limita a capacidade estatística de detectar redução de sobrevida livre de transplante e não há dados suficientes para direcionar identificação em relação as diferentes moléculas de AADs bem como relação com a duração do uso, dosagem e adesão ao tratamento nos desfechos encontrados.
Mensagens do Estudo
Todos os pacientes foram conduzidos em centros de doenças fibrosantes pulmonares dos Estados Unidos da América, o que aumenta a acurácea no diagnóstico e apesar das limitações, há através desse estudo, uma contribuição em relação à literatura existente que ajuda suportar o racional de que nos pacientes portadores de doença fibrosante pulmonar onde se identifica a indicação do uso de anticoagulantes, respeitadas as contraindicações dos mesmos e seguindo de acordo com os atuais guidelines existentes, a escolha dos AADs se mostra preferencial em relação aos AVK . No estudo há a inserção final da perspectiva de no futuro se buscar análises mais detalhadas em que se possa avaliar a ação de distintos AADs nas taxas de declínio da capacidade vital forçada e identificar se essas drogas poderiam trazer algum benefício a ser considerado no tratamento específico da doença fibrosante pulmonar.
Dr. Gilmar Alves Zonzin