COVID-19, Sistema Renina-Angiotensina, Enzima Conversora da Angiotensina 2 e Nicotina: Qual a Inter-Relação?

Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Profissionais de Saúde

Publicado em 14 nov 2020

COVID-19, Sistema Renina-Angiotensina, Enzima Conversora da Angiotensina 2 e Nicotina: Qual a Inter-Relação?


Título do Estudo


COVID-19, Sistema Renina-Angiotensina, Enzima Conversora da Angiotensina 2 e Nicotina: Qual a Inter-Relação?

 

Fonte


JR Scholz, MACQ Lopes, JFK Saraiva, FC Colombo – Arq Bras Cardiol. 2020; 115(4):708-711 – DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20200653

 

Resumo do Estudo


O Sistema Renina-Angiotensina (SRA) é classicamente importante regulador da homeostase eletrolítica e da pressão arterial. Mais recentemente foram identificados papéis na regulação e modulação de processos metabólicos, de crescimento e proliferação celular.

Dentro de seus eixos de funcionamento, há a ação compensatória das enzimas conversoras da angiotensina: ECA (pró-inflamatório) e ECA-2 (eixo protetor de inflamação).

Enquanto ECA produz angiotensina II a partir de angiotensina I, ECA-2 transforma as angiotensinas I e II nas angiotensinas 1 a 7.

O papel fisiológico da ECA-2 nas vias respiratórias é ainda desconhecido. Em camundongos, foi demonstrado fator protetor contra lesões pulmonares graves relacionadas a aspiração e sepse.

Há receptores ECA-2 em diversos tecidos, como: miocárdio, células do endotélio, rins, mucosa gastrointestinal, além das vias respiratórias superiores e inferiores, e o SARS-CoV-2 faz uso deste receptor para entrada nas células. Após conexão e entrada, ocorre uma regulação negativa do eixo ECA-2 (protetor de inflamação), sem interferência no eixo ECA (pró-inflamatório). Isto leva à alteração do balanço do SRA.

Medicamentos inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores do receptor de angiotensina 2 (BRA) levam ao aumento da expressão dos receptores ECA-2 em diferentes tecidos, incluindo o pulmonar.

Não se demonstrou que o uso de IECA tenha relação de aumento de mortalidade pela COVID-19, podendo haver algum efeito protetor na mortalidade neste contexto infeccioso.

Em teoria, a nicotina inalada teria uma ação dual:

. por um lado, estimularia o eixo ECA (pró-inflamatório), em detrimento à ação do ECA-2 (protetor de inflamação);

. por outro lado, levaria a menor expressão de ECA-2, podendo ter efeito protetivo contra adesão do SARS-Cov-2 no epitélio respiratório.

Porém, em pacientes com COVID-19, evidenciou-se maior expressão de ECA-2 naqueles tabagistas com DPOC, enquanto que em não fumantes, não havia tal aumento de expressão.

Dado a complexidade do SRA, são necessárias outras pesquisas para elucidar sua interação com a nicotina, tais como: a nicotina, ao se ligar com receptores nicotínicos de acetilcolina presentes em vias aéreas, como o subtipo α7-nAChR, promove regulação positiva de ECA-2, levando a aumento no mecanismo de captação celular para o SARS-Cov-2.

Assim, o uso de antagonistas seletivos de α7-nAChR, como metilglicaconitina e α-conotoxina, poderiam impedir a entrada de SARS-CoV-2 no epitélio das vias respiratórias, o que pode ser mote de futuros estudos que busquem opções terapêuticas ao SARS-Cov-2.

 

Dr. Gunther Kissmann

Artigos |

Voltar



Empresas Parceiras



Atalho para à página do Facebook da empresa.