Publicado em 5 fev 2022
Differential Effects of Cannabis and Tobacco on Lung Function in Mid-Adult Life
Título do Estudo
Diferentes efeitos do tabaco e cannabis na função pulmonar de adultos de meia idade
Differential Effects of Cannabis and Tobacco on Lung Function in Mid-Adult Life
Fonte
AJRCCM 2022; January, 24 – Robert J Hancox e col.
Introdução
Muitos estudos documentaram alterações na função pulmonar com fumo de cannabis, porém o padrão dessas alterações parece ser diferente das encontradas no uso de tabaco, e o seu significado clínico é desconhecido. Não existe até o momento evidência sólida que relacione o uso de cannabis à gênese da DPOC.
Objetivo e Metodologia
O objetivo deste trabalho é documentar os efeitos do uso crônico do cannabis na função pulmonar. Foram acompanhados prospectivamente 1037 indivíduos nascidos em 1972/1973. Nas idades de 18, 21, 26, 32, 38, e 45 anos, os participantes foram perguntados quantas vezes usaram cannabis no último ano. O uso cumulativo de cannabis foi calculado como o número de “baseados-ano” desde os 17 anos de idade (uso de cannabis uma vez por dia durante um ano corresponde a um “baseado-ano”). Provas de função pulmonar foram realizadas aos 45 anos de idade.
Resultados
Mulheres tiveram menor probabilidade de uso de cannabis do que homens. Usuários de cannabis tem maior probabilidade de também serem tabagistas, e a carga em baseados-ano é proporcional ao tabagismo em maços-ano.
O uso de cannabis resultou em aumento significativo de volumes pulmonares, mensurados pela, capacidade pulmonar total, capacidade residual funcional, volume residual e ventilação alveolar, sugerindo hiperinsuflação pulmonar. Também houve menor relação VEF1/CVF, menor FEF25-75% e menor condutância específica de vias aéreas (sGaw). Não resultou em menor VEF1, de maneira que a menor relação VEF1/CVF se deve ao aumento da CVF nos usuários. Mulheres usuárias de cannabis tiveram menor DLCO, enquanto menor DLCO/VA foi observada em ambos os sexos.
Limitações
– Boa parte dos usuários de cannabis também eram tabagistas de maneira que os efeitos do tabagismo precisaram ser distinguidos através de modelos estatísticos.
– Não foram estudados desfechos clínicos, apenas parâmetros de espirometria.
– A coorte foi acompanhada até os 45 anos, idade em que a prevalência de DPOC ainda é baixa.
Dr. Renato Azambuja