Eficácia do ultrassom diafragmático como preditor do desmame bem-sucedido da ventilação mecânica: uma revisão sistemática e meta-análise

Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Profissionais de Saúde

Publicado em 11 out 2024

Eficácia do ultrassom diafragmático como preditor do desmame bem-sucedido da ventilação mecânica: uma revisão sistemática e meta-análise


Título do Estudo


Eficácia do ultrassom diafragmático como preditor do desmame bem-sucedido da ventilação mecânica: uma revisão sistemática e meta-análise

 

Fonte


Parada-Gereda HM, et al. Effectiveness of diaphragmatic ultrasound as a predictor of successful weaning from mechanical ventilation: a systematic review and meta-analysis. Critical Care. 2023 May 5;27(1):174. doi: 10.1186/s13054-023-04430-9. PMID: 37147688; PMCID: PMC10161591.

 

Racional


O estudo é uma revisão sistemática e meta-análise para avaliar a eficácia da ultrassonografia diafragmática (USD) como preditor do sucesso do desmame da ventilação mecânica (VM), uma vez que um desmame mal-sucedido é responsável por aumento significativo de morbimortalidade. O teste de respiração espontânea (TRE) é uma forma adequada de preparar o paciente para a extubação; no entanto, mesmo após um TRE bem-sucedido, as taxas de falha e a reintubação em até 48h após desmame podem exceder 20% nos pacientes de maior risco, o que justifica a busca por mais um preditor.

 

Métodos


Seleção refinada de 26 artigos de 2845 publicados em seis bancos de dados entre janeiro de 2016 e julho de 2022. Foram incluídos estudos observacionais prospectivos ou retrospectivos envolvendo pacientes adultos com mais de 24 horas de VM invasiva, nos quais foi realizada a USD uni ou bilateral durante o TRE, com avaliação da excursão diafragmática (ED) e fração de espessamento (FE) do músculo. O desfecho buscado foi o sucesso do desmame definido como a manutenção da respiração espontânea pelas 48 horas seguintes após a extubação.

 

Resultados


Vinte e seis estudos foram incluídos, dos quais 19 foram incluídos na meta-análise (1.204 pacientes). Para a excursão diafragmática (ED), a sensibilidade foi de 0,80 (IC 95% 0,77–0,83), a especificidade foi de 0,80 (IC 95% 0,75–0,84), a área sob a curva ROC resumida foi de 0,87 e o DOR foi de 17,1 (IC 95% 10,2–28,6). Para a fração de espessamento (FE), a sensibilidade foi de 0,85 (IC 95% 0,82–0,87), a especificidade foi de 0,75 (IC 95% 0,69–0,80), a área sob a curva ROC resumida foi de 0,87 e o DOR foi de 17,2 (IC 95% 9,16–32,3). Houve heterogeneidade entre os estudos incluídos. Ao realizar uma análise de subgrupos e excluir estudos com valores de corte atípicos, a sensibilidade e a especificidade aumentaram para a FE diafragmático; a sensibilidade aumentou e a especificidade diminuiu para a ED. Ao comparar estudos que utilizaram durante o desmame da VM suporte de pressão versus peça-T, não houve diferença significativa na sensibilidade e especificidade; a análise de meta-regressão bivariada mostrou que a posição do paciente no momento do teste foi um fator de heterogeneidade nos estudos incluídos.

 

Conclusões


Os resultados deste estudo sugerem que a medida da ED e FE do diafragma por meio da USD prediz a probabilidade de sucesso do desmame da ventilação mecânica com precisão diagnóstica satisfatória; no entanto, foi evidente uma heterogeneidade nos diferentes estudos incluídos. Portanto, são necessários estudos de alta qualidade metodológica em subgrupos específicos de pacientes em unidades de terapia intensiva para avaliar o papel do ultrassom diafragmático como um preditor do desmame da ventilação mecânica.

 

Limitações e mensagens


As limitações deste estudo são os possíveis vieses que podem estar presentes em cada um dos estudos incluídos na meta-análise, já que ensaios randomizados não foram incluídos; a ausência de um valor de referência comum para a FE e ED pode introduzir vieses que causam imprecisão nas medições; o sexo não foi considerado na análise por subgrupos, assim como o tempo de VM antes do TRE e a medição por USD (fatores que podem influenciar os valores encontrados na USD).

Diversos estudos concluíram que as medições do ultrassom diafragmático são reprodutíveis, apesar de pequenas variações na medição entre observadores poderem afetar o resultado da medição e causar heterogeneidade.

 

Drª. Joana Acar – Pneumologista pela UERJ, Mestranda em pneumologia da UERJ. Título de Especialista em Medicina do Sono AMB/SBPT.

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