Publicado em 15 jul 2023
Endosonography With or Without Confirmatory Mediastinoscopy for Resectable Lung Cancer: A Randomized Clinical Trial
Título do Estudo
Endosonography With or Without Confirmatory Mediastinoscopy for Resectable Lung Cancer: A Randomized Clinical Trial
Autores
Jelle E. Bousema, MD1; Marcel G.W. Dijkgraaf, PhD2; Erik H.F.M. van der Heijden, MD, PhD3; Ad F.T.M. Verhagen, MD, PhD4; Jouke T. Annema, MD, PhD5; Frank J.C. van den Broek, MD, PhD6; on behalf of the MEDIASTrial study group.
Fonte
Journal of Clinical Oncology; DOI https://doi.org/10.1200/JCO.22.01728
Desenho do Estudo
Ensaio clínico randomizado, controlado, de não inferioridade, multicêntrico (23 hospitais na Bélgica e Holanda). Pacientes com diagnóstico ou suspeita de NSCLC com indicação de estadiamento invasivo, submetidos a avaliação endosonográfica por EBUS e/ou EUS, com resultado negativo, foram randomizados para um grupo de ressecção cirúrgica direta após a avaliação endossonográfica negativa X mediastinoscopia confirmatória seguida de ressecção cirúrgica.
Desfechos
O desfecho primário do estudo era a presença de metástase linfonodal mediastinal não diagnosticada previamente (taxa imprevista de N2 – uN2) no grupo de ressecção cirúrgica direta x grupo mediastinoscopia. A taxa de uN2 foi calculada dividindo o número de pacientes com N2 patologicamente comprovado resultante de dissecção linfonodal, não detectada por endossonografia ou mediastinoscopia, pelo número total de pacientes submetidos a dissecção linfonodal. Morbidade (complicações maiores) e mortalidade em 30 dias após mediastinoscopia e ressecção cirúrgica foram os desfechos secundários.
Resultados
360 pacientes foram randomizados – 178 para o grupo de ressecção cirúrgica primária após EBUS e/ou EUS X 182 para o grupo de mediastinoscopia confirmatória antes da ressecção cirúrgica. A taxa uN2 após a ressecção cirúrgica imediata (8,8%) não foi inferior em comparação com a mediastinoscopia confirmatória primeiro (7,7%). A taxa de morbidade (complicações maiores) e mortalidade em 30 dias foi de 12,9% no grupo após ressecção cirúrgica imediata x 15,4% após mediastinoscopia confirmatória seguida de ressecção cirúrgica. A mediastinoscopia confirmatória reduziu a taxa uN2 em apenas 1,03%, às custa de 10 dias de atraso para ressecção tumoral, morbidade em 6,3% (impedindo potencialmente tratamento curativo), mortalidade em 0,6% e repetição de anestesia geral em todos os pacientes envolvidos.
Conclusão
A confirmação por mediastinoscopia após endossonografia (EBUS e/ou EUS) sistemática negativa pode ser omitida em pacientes com NSCLC ressecável e indicação de estadiamento mediastinal.
Mensagens Importantes do Artigo
– Apesar de recomendada pelas diretrizes, o valor da mediastinoscopia confirmatória após estadiamento mediastinal invasivo por EBUS e/ou EUS negativo ainda é discutível em pacientes com NSCLC. O efeito da omissão da mediastinoscopia confirmatória em desfechos clínicos relevantes nunca tinha sido avaliado por um estudo randomizado.
– O presente estudo demonstrou que a avaliação mediastinal invasiva por EBUS e/ou EUS seguida de ressecção cirúrgica direta não apresenta uma taxa superior de metástase linfonodal mediastinal imprevista (uN2) do que a estratégia que utiliza a mediastinoscopia como método confirmatório.
– A implementação dos achados atuais previne os pacientes de morbidade da mediastinoscopia confirmatória, reduz o período de estadiamento do câncer de pulmão e provavelmente economiza custos com saúde.
João Pedro Steinhauser Motta – Diretor de Tisio-Pneumologia do IDT/UFRJ Mestre e Doutor em Pneumologia pela UFRJ