Publicado em 22 jul 2024
Ensifentrine, a Novel Phosphodiesterase 3 and 4 Inhibitor for the Treatment of Chronic Obstructive Pulmonary Disease
Título do Estudo
Ensifentrine, a Novel Phosphodiesterase 3 and 4 Inhibitor for the Treatment of Chronic Obstructive Pulmonary Disease
Fonte
Antonio Anzueto, IgorZ.Barjaktarevic,Thomas M.Siler,Tara Rheault,Thomas Bengtsson, Kathleen Rickard and Frank Sciurba; for the ENHANCE investigators. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine Volume 208 Number 4 | August 15 2023.
Introdução
O tratamento padrão recomendado para a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) tem incluído as mesmas classes de medicamentos nos últimos 40 anos: broncodilatadores de curta e longa duração, anti-muscarínicos (LAMA) e beta 2 agonistas (LABA), e os corticoides inalatórios (CI). A despeito dos múltiplos dispositivos existentes contendo esses medicamentos, uma substancial parcela dos pacientes com DPOC ainda sofre com os sintomas da doença e exacerbações frequentes. Além disso, o uso de CI está associado a um risco maior de pneumonia. A dupla inibição de fosfodiesterases 3 e 4 (PDE3 e PDE4) tem mostrado efeitos sinérgicos na musculatura lisa e na inflamação das vias aéreas. Esse artigo resume os resultados de 2 ensaios clínicos fase 3 do uso de ensifentrine nebulizada 3mg 2x/dia no ENHANCE em 24 e 48 semanas (Ensifentrine as a Novel Inhaled Nebulized COPD Therapy)-1 e ENHANCE-2 (24 semanas) em pacientes com DPOC moderada a grave.
Desenho do Estudo
Ensaio clínico randomizado fase 3, duplo-cego, grupo-paralelo e placebo controlado. Conduzido entre setembro de 2020 a dezembro de 2022 em 250 centros de pesquisa (em 17 países). Foram incluídos pacientes entre 40 e 80 anos de idade, sintomáticos (escala de dispneia mMRC >2), com DPOC moderada a grave e carga tabágica > 10maços-ano. Os pacientes não eram elegíveis se apresentassem exacerbação 3 meses antes da triagem para os estudos. Em relação ao uso de medicação inalatória, havia pacientes sem uso de medicação de longa duração de manutenção, e pacientes em uso de LABA com ou sem CI, ou uso de LAMA com ou sem CI. O início ou parada de inalatórios de manutenção não era permitido, exceto se por indicação médica. Pacientes com asma foram excluídos dos estudos. A amostra foi estratificada por duração do ensaio clínico (24 ou 48 semanas no ENHANCE 1 apenas), uso de medicação prévia (sim, não) e status de tabagismo (atual, prévio).
Mensagens do Artigo
Na amostra, a média de idade foi em torno de 65 anos, maioria branca e não latinos. Os pacientes ainda fumavam (em torno de 55%) e houve maior percentual de pacientes entre GOLD 2 e 3. Foram randomizados 760 pacientes no ENHANCE-1 e 789 no ENHANCE-2: 69% recebendo LAMA e 55% recebendo LABA. O tratamento com Ensifentrine melhorou a media de área sob a curva de VEF1 de 0-12h versus placebo (ENHANCE-1, 87 ml [IC 95%, 55-119]; ENHANCE-2, 94 ml [IC 65 124]; ambos p<0.001). O tratamento com ensifentrine mostrou melhora no controle dos sintomas e na qualidade de vida versus placebo na semana 24 in ENHANCE-1, mas não no ENHANCE-2. Houve ainda redução de da taxa de exacerbações moderadas a grave versus placebo em 24 semanas (ENHANCE-1, RR, 0.64 [0.40, 1.00]; p = 0.050;ENHANCE-2, RR, 0.57 [0.38, 0.87]; p= 0.009) e aumento do tempo até a primeira exacerbação (ENHANCE-1, HR 0.62 [0.39,0.97]; p = 0.038; ENHANCE-2, HR, 0.58 [0.38, 0.87];p = 0.009). Os efeitos foram consistentes independente da presença ou ausência de bronquite crônica, em contraste com os resultados do uso de inibidores de PDE4. O score médio do grupo ensifentrine excedeu a diferença clínica minima relevante (minimally important clinical difference – MCID) para o score de sintomas (E-RS) e de qualidade de vida (SGRQ) em ambos os ensaios clínicos (ENHANCE 1 e 2). O mesmo não ocorreu em relação ao VEF1, que não excedeu os MCID aceitável de 100mL, o que pode questionar a eficácia quanto ao efeito broncodilatador do tratamento com ensifentrine. Os eventos adversos foram similares entre os grupos de tratamento e placebo.
Limitações do Estudo
Entre 30 a 40% dos pacientes não estava em uso de medicação inalatória de manutenção. Nenhum dos pacientes estava em uso de dupla ou tripla terapia inalatória. Assim, o tratamento com ensifentrine não foi comparado com todas as possibilidades de tratamento inalatório. Não houve acompanhamento por 52 semanas. Os estudos foram conduzidos durante a pandemia de COVID-19, portanto os efeitos da quarentena e outras práticas recomendadas para os pacientes de alto risco nos resultados dos ensaios clínicos não podem ser previstos.
Drª Michelle Cailleaux-Cezar – Instituto de Doenças do Tórax – Universidade Federal do Rio de Janeiro