Publicado em 31 maio 2022
NESSE DIA MUNDIAL DE COMBATE AO TABAGISMO, EM 31/05/2022, A SOPTERJ ALERTA PARA A POSSÍVEL LIBERAÇÃO DO CIGARRO ELETRÔNICO PELA ANVISA – O JOVEM NA MIRA DA INDÚSTRIA DO TABACO
A Coordenadora da Comissão de tabagismo da Sociedade de Pneumologia do Rio de Janeiro, a Dra. Alessandra Costa, alerta: “a história se repete. E mais uma vez a indústria do Tabaco vem com a falácia sobre “um produto mais seguro para fumar”
Ela explica:
– 1950: A invenção do cigarro com filtro após a perda de milhares de fumantes para o câncer de pulmão;
– 1960: Cigarros de baixos teores: a indústria percebeu que poderia duplicar o tamanho do mercado consumidor, caso as mulheres também se tornassem dependentes da nicotina;
– 1988: Brasil: Início das advertências sobre os prejuízos à saúde, nos produtos derivados do tabaco;
– 1990: Cigarros com sabor (mentol): Anestesia a garganta, reduzindo a sensibilidade ao calor e ao efeito irritativo da fumaça;
– 1996: Brasil: Aprovação das restrições à propaganda de cigarros e proibição do fumo em recintos coletivos.
Cigarros eletronicos chegam para tentar conquistar o público jovem
Para a Dra. Alessandra, o cigarro eletrônico “é mais uma grande armadilha de marketing! Em 2003 os DEFs (Dispositivos eletrônicos para fumar) chegam ao mercado com a promessa de que não fariam mal. A verdade é que os DEFs são aparelhos que funcionam com uma bateria e têm diferentes formas e mecanismos de ação. Em sua maioria, contêm aditivos com sabores e substâncias tóxicas (níquel, chumbo dentre outros), propilenoglicol (irritante brônquico) e nicotina (droga que causa dependência). Os tipos de DEFs são: Cigarros eletrônicos, produtos de tabaco aquecido, vaporizador de ervas secas e produto híbrido”.
A SOPTERJ (Sociedade de Pneumologia do Rio de Janeiro), a Associação Médica Brasileira e várias outras entidades assinaram um manifesto liderado pela Fiocruz, justamente alertando a população sobre os riscos do cigarro eletrônico e solicitando à ANVISA, sua proibição.
“A indústria do tabaco precisa sempre de novos consumidores para seus produtos. Em 2019 o Brasil contava com 12,6% dos adultos fumantes, mas em 1989, eram 34,8%!, Por isso o foco nos adolescentes e jovens”, adverte a Dra. Alessandra.
A SOPTERJ alerta que os DEFs contêm mais de 80 substâncias nos aerossóis, existem cerca de 16.000 sabores ( dentre eles algodão doce, milk shake de morango, e etc) para atrair o público infanto-juvenil.
Outra informação importante da Dra. Alessandra: cada dispositivo de nicotina corresponde a 10-15 cigarros/dia ou 20 cigarros/dia ( o equivalente a 1 maço!). “Aumentam o risco de envenenamento, convulsões, dependência, queimaduras (risco de explosões), doenças cardiovasculares e doenças pulmonares (incluindo a EVALI – síndrome respiratória aguda grave). Nos EUA foram registrados mais de 2.800 casos e 68 mortes no país até fevereiro de 2020, média de idade de 24 anos; os países que liberaram os cigarros eletrônicos, tiveram aumento de doenças cardiovasculares na faixa abaixo de 50 anos, e maior risco de AVC em jovens, “em bem menos tempo de exposição do que os cigarros convencionais!”. Os usuários de cigarros eletrônicos tem chance quase seis vezes maior de experimentar cigarros convencionais, e quatro vezes maior de se tornarem usuários destes. Conclusão: Existem evidências científicas acumuladas suficientes sobre os efeitos deletérios dos cigarros eletrônicos”.