Reanalysis and validation of the transcriptional pleural fluid signature in pleural tuberculosis

Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Profissionais de Saúde

Publicado em 9 mar 2024

Reanalysis and validation of the transcriptional pleural fluid signature in pleural tuberculosis


Título do Estudo


Reanalysis and validation of the transcriptional pleural fluid signature in pleural tuberculosis

 

Fonte


Front Immunol. 2024. 15:14:1256558. doi: 10.3389/fimmu.2023.1256558

 

Introdução


A tuberculose (TB) pleural é uma das manifestações extrapulmonares mais comuns entre indivíduos imunocompetentes, exibindo característica paucibacilar e resposta inflamatória compartimentalizada na cavidade pleural – o que torna seu diagnóstico e manejo desafiadores. Na última década, foram definidos alguns marcadores moleculares para a TB pulmonar, contudo, os dados da literatura utilizando esta abordagem para a TB pleural mostram-se escassos e heterogêneos. O presente estudo se propôs a reanalisar alvos moleculares já descritos em TB pulmonar e validá-los em coorte de pacientes com derrame pleural exsudativo por TB e outras etiologias.

 

Métodos


Foi conduzido estudo longitudinal entre homens e mulheres, maiores de 18 anos, apresentando derrame pleural e com indicação de toracocentese, atendidos no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Amostras de sangue periférico e líquido pleural foram coletadas durante a investigação diagnóstica e, no caso específico de pacientes com TB pleural (confirmação clínica e laboratorial), nova amostra de sangue foi coletada, também, ao término do tratamento. Foram excluídos casos transudativos, pacientes HIV positivos ou material insuficiente. Os espécimes clínicos foram processados para investigação da expressão de genes candidatos selecionados a partir de análises de bioinformática em bancos públicos transcricionais obtidos por ensaio de microarranjos realizados em amostras de sangue de pacientes com TB pulmonar (PloSOne [2013] 8[8]:e70630). O protocolo do estudo foi aprovado previamente pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUPE-UERJ (parecer de aprovação: 1.100.772).

 

Resultados


A reanálise de bancos públicos definiu uma lista de genes considerados “top-10” (CARD17, BHLHE40, FCGR1A, BATF2, STAT1, BTN3A1, ANKRD22, C1QB, GBP2 e SEPTIN4), a qual demonstrou acurácia de 89,5% para discriminar TB pulmonar de outras doenças respiratórias. Estes genes foram validados em coorte composta por 69 pacientes elegíveis, diagnosticados com TB pleural (n=35) e casos não-TB (n=34, neoplasias [76,5%], empiema não tuberculoso [8,8%], lupus eritematoso sistêmico [2,9%], outros [11,8%]). A expressão dos genes CARD17 e GBP2 em líquido pleural foi significativamente aumentada no grupo TB pleural, enquanto C1QB apresentou-se positivamente regulado no grupo não-TB, quando os grupos foram comparados entre si. Após a terapia anti-TB, apenas GBP2 mostrou significativa redução de sua expressão no grupo TB pleural. O desempenho dos três genes destacados, apresentaram acurácia de 91%, 90% e 85%, respectivamente. GBP2 apresentou elevada sensibilidade (Se= 0.89, Esp= 0.81), enquanto CARD17 mostrou-se mais específico (Se=0.69, Esp= 0.95) para discriminar entre os grupos TB pleural e não-TB.

 

Conclusões


CARD17, GBP2 e C1QB mostraram-se promissores na distinção entre casos de TB pleural e outras etiologias do derrame pleural exsudativo, e poderiam contribuir para o diagnóstico mais preciso de TB pleural.

 

Limitações e mensagens do artigo


Apesar do estudo se basear em uma assinatura gênica definida para TB pulmonar, o que poderia trazer um enriquecimento de genes relacionados à uma resposta mais sistêmica ou circulante (sangue) em detrimento daqueles que possam estar diferencialmente expressos no sítio infeccioso, destacamos a originalidade do estudo ao definir uma assinatura molecular para a TB pleural de alta acurácia. Além disso, a população de estudo foi bem caracterizada, refletindo o perfil observado na literatura e, ainda, representando um cenário terciário de atenção à saúde em área considerada de alta endemicidade para a TB. A análise de amostras pareadas antes e após o tratamento anti-TB pode sugerir a habilidade dos genes-alvo em indicar marcadores moleculares de monitoramento de tratamento e evolução para a cura. Em conjunto, o trabalho utilizou uma das principais estratégias “ômicas” – a saber, transcriptômica – para a identificação de novos biomarcadores diagnósticos da TB pleural, o que poderia propiciar um diagnóstico mais rápido e preciso, permitindo o início do tratamento. Somam-se aqui, importantes contribuições para uma melhor compreensão dos mecanismos fisiopatológicos ainda não completamente elucidados na TB pulmonar e extrapulmonar.

 

Dra. Luciana Rodrigues, Professora Associada de Patologia Geral, Faculdade de Ciências Médicas Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

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