Risk-benefit analysis of tuberculosis infection testing for household contact management in high-burden countries: a mathematical modelling study

Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Profissionais de Saúde

Publicado em 16 maio 2020

Risk-benefit analysis of tuberculosis infection testing for household contact management in high-burden countries: a mathematical modelling study


Título do Estudo


Risk-benefit analysis of tuberculosis infection testing for household contact management in high-burden countries: a mathematical modelling study

 

Fonte


Lancet Glob Health. 8: e672–80, May 2020.

 

Resumo


Quando uma pessoa é infectada pelo Mycobacterium tuberculosis há um risco maior de desenvolvimento da doença nos primeiros 2 anos, sendo que o tratamento da infecção latente (ILTB) reduz em 60-70% o risco de tuberculose.  Contactantes domiciliares são um grupo prioritário para este tratamento devido à alta probabilidade de infecção recente.

Após o descarte da presença de doença ativa, o artigo discute a melhor abordagem a estes contatos, considerando uma possível mudança de estratégia para países de alta prevalência, nos quais a expansão da terapia preventiva para todos os contatos talvez seja capaz de reduzir a incidência de tuberculose.

Foi realizada uma metanálise de dados de ensaios clínicos e literatura sobre a história natural da tuberculose para formular os resultados assumindo diferentes esquemas de terapia preventiva, idades e prevalência de positividade na PT.

Duas estratégias foram avaliadas: tratar ILTB em todos os contatos domiciliares de maneira similar ao que é feito com os contatos portadores de HIV ou tratar ILTB apenas em contatos com prova tuberculínica (PT) reatora. Do ponto de vista terapêutico foram avaliadas quatro situações: não realizar tratamento ou utilizar um dos três diferentes esquemas (isoniaziada + rifapentina semanal durante 3 meses; rifampicina diariamente por 4 meses e isoniazida diária por 6 meses).

Para cada grupo etário e esquema terapêutico foram avaliadas as duas estratégias. Os desfechos analisados foram o desenvolvimento de tuberculose e efeitos colaterais graves (incapacitantes ou que necessitem hospitalização). A diferenciação por grupo etário foi utilizada pois tanto o risco de adoecimento quanto o risco de efeitos adversos variam de acordo com a idade.

Considerando PT reatora em 25% a cada 1000 contatos domiciliares menores de 18 anos, a estratégia de tratar todos com isoniazida + rifapentina comparada com o tratamento de acordo com a PT levou a -13 casos de tuberculose e + 4 efeitos adversos graves; com rifampicina foram -11 casos e + 2 eventos adversos. Entretanto, em adultos, assumindo a mesma prevalência de PT reatora levou a -2 casos em todos os esquemas e os eventos adversos adicionais aumentaram com a idade ( 7 entre 18-34 anos tratados com rifampicina até 63 entre maiores de 64 anos com isoniazida + rifapentina).

 

Limitações do Estudo


A análise não avalia custos, entretanto, conhecer o número relativo de cada um dos desfechos pode auxiliar os programas a comparar os custos das diferentes estratégias.

Dois desfechos foram avaliados, mas não se quantificou a importância relativa de cada um deles.

Não foram avaliadas as consequências futuras da tuberculose, pois a doença não tratada é transmitida na comunidade. Se esta avaliação fosse realizada talvez o tratamento de todos os contactantes fosse ainda mais favorável.

 

Conclusão


O desfecho varia de acordo com a idade, o regime terapêutico e a prevalência de PT reatora.  Entre menores de 18 anos tratar todos os contatos evita mais casos de tuberculose com aumento mínimo nos efeitos colaterais graves, independente do regime terapêutico e prevalência de positividade na PT.

Em adultos os tratamentos contendo isoniazida foram geralmente mais associados com efeitos adversos do que aquele apenas com rifampicina.  Sugere-se também que como os efeitos colaterais aumentam com a idade, a estratificação com PT pode reduzir este risco.

Estes achados podem ajudar a guiar decisões políticas. Em países de alta prevalência a expansão da terapia sem PT para crianças e jovens pode ser um primeiro passo para expansão do tratamento de ILTB.

 

Dr Pedro Fagundes Júnior

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