Tofacitinib in Patients Hospitalized with Covid-19 Pneumonia

Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro

Profissionais de Saúde

Publicado em 14 ago 2021

Tofacitinib in Patients Hospitalized with Covid-19 Pneumonia


Título do Estudo


Tofacitinib in Patients Hospitalized with Covid-19 Pneumonia

 

Fonte


July 29, 2021 – N Engl J Med 2021; 385:406-415 – DOI: 10.1056/NEJMoa2101643

 

Desenho do Estudo


Ensaio multicêntrico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo para investigar a eficácia e segurança de tofacitinibe em pacientes hospitalizados com pneumonia por Covid-19 que não estavam recebendo ventilação não invasiva ou invasiva.

Foram designados aleatoriamente, em uma proporção de 1: 1, adultos hospitalizados com pneumonia por Covid-19 para receber tofacitinibe na dose de 10 mg ou placebo duas vezes ao dia por até 14 dias ou até a alta hospitalar.

Foram incluídos um total de 289 pacientes, submetidos à randomização em 15 locais no Brasil.  Todos os pacientes foram tratados de acordo com os padrões locais de tratamento para Covid-19, que poderiam incluir glicocorticoides, antibióticos, anticoagulantes e antivirais. O uso concomitante de outros inibidores de JAK, agentes biológicos, imunossupressores potentes, inibidores da interleucina-1, inibidores da interleucina-6 ou indutores potentes do CYP450 foi proibido.

 

Mensagens do Artigo


O objetivo primário do artigo foi avaliar a eficácia de tofacitinibe em relação ao placebo na ocorrência de morte ou insuficiência respiratória até o dia 28, avaliada com o uso de uma escala ordinal de oito níveis (com pontuações variando de 1 a 8 e pontuações mais altas indicando uma pior condição). Mortalidade e segurança por todas as causas também foram avaliadas.

O uso de tofacitinibe teve melhor resultado para incidência cumulativa de morte ou insuficiência respiratória até o dia 28, em comparação ao uso de placebo: 18,1% e  29,0% respectivamente (razão de risco, 0,63; intervalo de confiança de 95% [IC], 0,41 a 0,97; P = 0,04). Assim como o seu uso apresentou melhores números para morte por qualquer causa ate o dia 28: 2,8% no grupo de tofacitinibe Vs  5,5% no grupo de placebo (razão de risco, 0,49; IC de 95%, 0,15 a 1,63).  A probabilidade proporcional de ter uma pontuação pior na escala ordinal de oito níveis com tofacitinibe, em comparação com o placebo, foi de 0,60 (IC de 95%, 0,36 a 1,00) no dia 14 e 0,54 (IC de 95%, 0,27 a 1,06) no dia 28.

Eventos adversos graves ocorreram em 20 pacientes (14,1%) no grupo de tofacitinibe e em 17 (12%) no grupo de placebo.

O estudo conclui que o uso de tofacitinibe foi superior ao placebo na redução da incidência de morte ou insuficiência respiratória até o dia 28. Esses efeitos foram consistentes independentemente do sexo, idade e duração dos sintomas e uso de glicocorticóides no início do estudo.

 

Limitações do Estudo


Os critérios de inclusão foram estritos, sendo excluídos pacientes relevantes: pacientes em uso de ventilação mecânica não invasiva ou invasiva ou oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), história de trombose ou trombose atual, imunossupressão conhecida e qualquer câncer atual para o qual o paciente estava recebendo tratamento ativo.

Remdesivir  aprovado pela Food and Drug Administration como tratamento padrão para Covid-19 não estava disponível no Brasil durante a realização do estudo; o único agente antiviral usado foi o oseltamivir que não se mostrou eficaz em pacientes com Covid-19. Portanto, o estudo não oferece evidências de um benefício do tratamento com tofacitinibe além da terapia antiviral estabelecida.

Vários outros moduladores imunológicos específicos estão sendo testados em pacientes com pneumonia por Covid-19, Estes incluem anticitocinas, antagonistas do receptor de interleucina-6, inibidores do fator de necrose tumoral e fatores estimuladores de colônias de granulócitos-macrófagos. Porém nesse estudo o uso desses agentes foi proibido. Pelo que resta determinar se o uso de inibidores de JAK é superior ou aditivo a outras terapias imunomoduladoras específicas em pacientes hospitalizados com Covid-19.

Faltam estudos comprovando a eficácia do tofacitinibe, tendo em conta que uma grande parte da população mundial continua em risco de contrair Covid-19. Portanto, terapias eficazes, seguras e fáceis de administrar para pacientes hospitalizados com Covid-19 são necessárias. Ensaios em andamento com tofacitinibe pode fornecer mais informações sobre os efeitos dos inibidores de JAK em pacientes com Covid-19

 

Dra. Laura Lizeth Zuluaga Parra

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